Em meio ao recorde de incêndios que consomem o Pantanal, Jair Bolsonaro cumpre agenda nesta sexta-feira (18) no estado de Mato Grosso, para receber homenagens de ruralistas da região. Conforme a agenda oficial, ele participa de “ato de homenagem do Agronegócio ao Presidente da República”, no município de Sinop. Depois vai para Sorriso, num ato de entrega de título de propriedade rural e lançamento simbólico do plantio de soja. O Mato Grosso é o coração do Pantanal, que está ardendo em chamas com suspeitas de que ruralistas sejam responsáveis pelos incêndios.

Antes de embarcar, Bolsonaro divulgou vídeo no Twitter sendo homenageado por ruralistas da região ligados à família Bedin, uma das maiores produtoras de soja da região. “O campo não parou, continuou a alimentar mais de 1 bilhão de pessoas pelo mundo. Agro, a locomotiva da nossa Economia”, disse.

O Pantanal brasileiro chegou nessa quinta-feira (17) a 15.756 focos de incêndio neste ano, o maior número de queimadas desde 1998, quando os números começaram a ser registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Comparado com 2005, o pior ano da série histórica até então para o período, o número de focos acumulados em 2020 é 56% maior.

No acumulado de janeiro e 16 de setembro, os focos de incêndio aumentaram 208% ante igual período do ano passado, segundo o Inpe. O fogo já destruiu mais de 2 milhões de hectares do bioma.

Apesar do cenário catastrófico, Bolsonaro voltou a minimizar a quantidade gigantesca de incêndios que destroem Pantanal e falseou dados de 2019. “Ano passado, quase não pegou fogo, sobrou uma massa enorme de vegetais bons para isso que está acontecendo agora”, disse ele, que também voltou a culpar indígenas pelos incêndios. “O índio taca fogo, o caboclo, tem a geração espontânea”.

Mas, pela primeira vez em sua democracia, o Brasil é alvo de uma recomendação oficial para que ocorra uma investigação internacional sobre o governo por suas políticas ambientais e de direitos humanos.

O governo Bolsonaro tem como ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. As críticas à gestão dele na pasta aumentaram a partir do segundo trimestre deste ano, após a divulgação de conteúdo de um vídeo da reunião ministerial que aconteceu no dia 22 de abril, quando Salles sugeriu que o governo deveria aproveitar a atenção da imprensa voltada à pandemia de Covid-19 para aprovar “reformas infralegais de desregulamentação e simplificação” na área do meio ambiente e “ir passando a boiada”.

Um levantamento publicado na semana passada pelo jornal Folha de S.Paulo em parceria com o Instituto Talanoa mostrou que, entre março e maio deste ano, o governo publicou 195 atos no Diário sobre o meio ambiente. Nos mesmos meses de 2019, foram apenas 16 atos publicados relacionados ao tema, um aumento de 12 vezes.

 

Fonte: Brasil 247