Na forma viral não há necessidade de uso de antibióticos

São Paulo, junho de 2023 – A conjuntivite viral é uma das queixas oftalmológicas mais comuns em todo o mundo. Trata-se da inflamação da conjuntiva, tecido transparente que reveste a parte da frente do olho. Estima-se que 80% dos casos de conjuntivite são de origem viral.

Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra especialista em estrabismo, a conjuntivite viral é altamente contagiosa. A transmissão da conjuntivite viral ocorre por contato direto ou indireto.

“A secreção produzida nos olhos durante uma crise é repleta de vírus que podem infectar superfícies e objetos, como celulares, corrimãos, lápis, copos, talheres etc. Além disso, o vírus também pode ser transmitido por tosses, espirros, abraços, beijos e aperto de mão”.

“No caso das crianças que frequentam escolas, a taxa de transmissão pode ser ainda maior devido ao tempo de convivência, espaços fechados, contato físico, compartilhamento de brinquedos e materiais escolares”, adiciona a médica.

Quais os sintomas?

Certamente a marca registrada da conjuntivite, seja ela viral ou não, é a vermelhidão ocular. Entretanto, na forma viral a doença tem sintomas específicos que podem ajudar a diferenciá-la da conjuntivite bacteriana.

“Uma das principais diferenças é que na conjuntivite viral a secreção é esbranquiçada e bastante aquosa. Na forma bacteriana a secreção é esverdeada ou amarelada, é produzida em grande quantidade e é mais espessa. Os demais sintomas podem ser parecidos como coceira, irritação, lacrimejamento, sensação de areia nos olhos, ardência e sensibilidade à luz”, adiciona Dra. Marcela.

Adenovírus é o principal agente infeccioso

Estima-se que 90% dos casos de conjuntivite viral são causados pelo adenovírus, um grupo de vírus que causam também infecções respiratórias e intestinais. Outros vírus que podem levar ao desenvolvimento de uma conjuntivite viral são o enterovírus, o vírus da herpes simples, varicela-zoster, vírus da catapora e da caxumba.

Conjuntivite viral pode ser causada pelo coronavírus?

De acordo com informações da American Academy of Ophthalmology (AAO), desde 2020 algumas pesquisas apontaram que a conjuntivite é um possível sintoma da covid-19. As manifestações oculares, portanto, não são novas. Entretanto, a conjuntivite tem sido descrita com um sintoma bastante prevalente nos casos de covid-19 causados pela nova variante Arcturus.

Diagnóstico e o tratamento

O diagnóstico da conjuntivite viral costuma ser clínico, ou seja, o oftalmologista consegue fechar o diagnóstico durante a consulta e os exames realizados no consultório. “O tratamento visa ao alívio dos sintomas, pois a infecção viral é autolimitada, ou seja, os sintomas melhoram sozinhos”, diz a médica.

Como medidas de alívio dos sintomas estão o uso de lágrimas artificias e compressas de água fria.

“Em relação aos cuidados, é imprescindível que a pessoa fique isolada por volta de 10 dias para evitar a transmissão da doença. O isolamento inclui não frequentar escola, academias e nenhum outro lugar público. Dentro de casa também é preciso manter todos os objetos de uso pessoal bem higienizados. A resolução completa da conjuntivite viral pode levar de 14 a 30 dias”, finaliza Dra. Marcela.

Como prevenir?

Mantenha as mãos sempre limpas e higienizadas e evite levá-las aos olhos

Não compartilhe objetos pessoais como maquiagem, toalhas, fronhas etc.

Evite contato com pessoas que estejam contaminadas

Na presença dos sintomas como vermelhidão intensa, sensação de areia nos olhos e acúmulo de secreção é fundamental procurar o oftalmologista. Outro alerta importante é que não se deve usar colírios ou outros medicamentos nos olhos por conta própria.

Leda Sangiorgio

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