além de detonar, sem dó, o brasilian way of life e matar gente de todas as castas a torto e a direito, o covid escancarou um lado sombrio do brasileiro tido como afável, terno, brincalhão e um povo solidário ao revelar o lado sombrio dessa solidariedade tão celebrada.

com a chegada de alguns milhões de doses de vacina que  não chegam para imunizar sequer um décimo da população local, o país entra em uma refrega que expõe o lado sombrio desse povo tão ensolarado.

o negacionismo do inquilino do palácio do alvorada e seus sequazes é fichinha se comparado à ideia exposta pelos nababos que querem comprar dos laboratórios o medicamento que pode ajudar a salvar suas vidas e suas castas.

enquanto no resto do mundo grande parte da raça humana tenta alcançar a todos com o imunizante (claro que há exceções), aqui, na terra brasilis, a iniciativa privada quer garantir o seu quinhão e, desta forma, criar a sua própria arca de noé.

mas não só a nata, a elite econômica que age assim, esse lado canalha do brasil está representado pela enfermeira que rouba um vidrinho milagroso pra vacinar seu médico preferido (e olhe que ambos tem prioridade e, portanto, não há necessidade do gesto); a dentista jovem, que se acha no direito de ser vacinada por ter um grande futuro pela frente ou o prefeito que “quer dar exemplo” ao povo.

as altas coortes também reivindicam sua parte nesse latifúndio. stf; supremo; tse… todos, todos feitos do mesmo barro porém, como nos açougues, com cortes mais nobres. enquanto isso, mesmo que o leite condensado não resolva… a regra é:

vacina pouca, meu bracinho primeiro!

por Carlos A, Santana (publicado originalmente no blog www.nobicodourubu.blospot.com)