Berna, (Prensa Latina) O bloqueio estadunidense contra Cuba ignora limites morais, a estas alturas nada que faça Washington para agredir à ilha deveria surpreender, mas o crime dos respiradores suíços abre um capítulo de crueldade inédito.

‘Duplo esforço para Cuba. O país está atualmente mobilizado contra o coronavírus dentro de suas fronteiras e bem mais lá, e também deve enfrentar o fortalecimento do bloqueio imposto por Washington e seus efeitos extraterritoriais’, publicou o diário suíço Lhe Courrier.

Em um artigo, a jornalista Laura Hunter explicou aos helvéticos o que à Casa Branca e à grande imprensa gostaria que passasse inadvertido: as empresas suíças IMT Médical AG e Acutronic Médical Systems AG, entre as líderes mundiais na fabricação de respiradores de alta tecnologia, receberam a ordem de não os vender à maior das Antilhas.

Alegando as sanções comerciais, financeiras e econômicas estadunidenses, negaram-se a fornecer essas equipes essenciais para o tratamento a pacientes graves da Covid-19, ao ser adquiridas há dois anos pela sociedade norte-americana Vyaire Medical Inc, precisou.

Lhe Courrier contatou a IMT Médical AG e Acutronic Médical Systems AG sem receber resposta, já que seu departamento de Comunicações, o único com autoridade para pronunciar-se, foi realocado para os Estados Unidos.

O governo cubano denunciou o novo ato desumano e reiterou que não impedirá que as pessoas necessitadas desse recurso finque em cuidados intensivos tenham a oportunidade de sobreviver ao letal patogênico.

Também o diário Tribune de Géneve se fez eco do tema dos respiradores, ao assinalar que ‘a perseguição do governo dos Estados Unidos contra Cuba não parece ter limites’.

A publicação destacou a solidariedade da ilha e advertiu que não representa ameaça alguma para outro país.

‘As brigadas médicas cubanas sempre são as primeiras a estarem presentes ante as urgências humanitárias, ontem no Haiti após um terremoto ou para combater o ebola na África Ocidental; hoje os profissionais da saúde cubanos contribuem em 59 países seus conhecimentos na luta contra a Covid-19’, sublinhou.

A SOLIDARIEDADE SUÍÇA

Diversas organizações suíças condenaram de maneira enérgica nesta semana as novas ações do bloqueio imposto ao país caribenho e denunciaram que seu aplicativo no atual palco global de uma pandemia desafia o Direito Internacional.

Em um comunicado, a Associação Cuba-Suíça, MediCuba-Suíça, MediCuba-Europa, ALBA-Suíça, Solifonds, AMCA, Centrale Sanitaire Suisse Romande e Medico International Schweiz expuseram que a ilha, do mesmo modo que quase todas as nações do planeta, mobiliza seus recursos e esforços para lidar com a Covid-19.

‘Agora mais que nunca precisa de medicinas, alimentos, combustível, equipes médicas e divisas, e conquanto conta com um sistema de saúde efetivo e de experiência na luta contra epidemias (não é casual que brigadas médicas cubanas estejam a despregar na Europa), o bloqueio dos Estados Unidos supõe um grande ônus e ameaça a vida de muitas pessoas’, afirmaram.

Além da decisão imposta às empresas suíças de não vender os respiradores, as organizações recusaram o cerco vigente nos bancos suíços para as transações relacionadas com a maior das Antilhas, apesar de que o governo helvético se opõe oficialmente a essa medida e mantém vínculos históricos de amizade e cooperação com Cuba.

Esta situação tem escalado a um nível superior de arbitrariedade, já que os bancos suíços bloqueiam transferências entre bancos nacionais pelo simples fato de que apareça a menção a Cuba em uma transação, deploraram.

Os grupos de solidariedade repudiaram que em dias recentes se impedisse a transferência de dinheiro coletado para apoiar o combate à Covid-19 na ilha.

Uma ação desta natureza é inaceitável e viola os direitos e as liberdades dos cidadãos suíços, sentenciaram.

As organizações realçaram a ajuda de Cuba a vários países açoitados pela pandemia e asseguraram que é mais urgente que nunca que os Estados Unidos escute o clamor universal de pôr fim ao bloqueio.

Igualmente demandaram a Suíça que conforme a sua tradição humanitária e diplomática, adote medidas para garantir a compra pelo país caribenho de equipes finque no combate à Covid-19 e impedir que os bancos freiem os donativos.

‘Mais ainda, exigimos a Suíça que não seja cúmplice desta política estadunidense ilegal e criminosa’, sublinharam.