O tenista Novak Djokovic teve sua entrada na Austrália negada nesta quarta-feira (05/01) por não fornecer “evidências adequadas para atender aos requisitos de entrada no país”, informaram as autoridades do país, acrescentando que o visto do número um do tênis foi “cancelado”.  O sérvio vinha se recusando a comprovar se foi vacinado contra o coronavírus.

A expectativa é que ele seja deportado. Segundo a agência Reuters, o tenista já entrou com um pedido de liminar para impedir sua deportação.

Após o anúncio da decisão de barrar o tenista, o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, comentou no Twitter: “Regras são regras. Ninguém está acima das regras. Nossas rígidas políticas fronteiriças têm sido fundamentais para que a Austrália tenha uma das taxas de mortalidade mais baixas do mundo por covid-19. Continuamos vigilantes.”

Após desembarcar nesta quarta, Djokovic chegou a passar mais de oito horas isolado numa sala do aeroporto Tullamarine, em Melbourne, na Austrália.

A viagem de Djokovic para a Austrália tem sido motivo de controvérsia há semanas. O tenista planejava viajar ao país para participar do Australian Open e buscar seu décimo título na competição.

O primeiro torneio do Grand Slam da nova temporada começa em 17 de janeiro em Melbourne, e apenas jogadores que são vacinados contra o coronavírus ou têm uma licença médica especial estão autorizados a participar.

Na terça-feira, o tenista de 34 anos, finalmente anunciou que recebeu uma isenção para jogar o torneio e afirmou que estava a caminho do país.

A federação de tênis australiana Tennis Australia e o governo do estado de Victoria, onde fica Melbourne, chegaram a afirmar que Djokovic foi apenas um de um “punhado” de candidatos bem-sucedidos entre as 26 pessoas que tentaram a isenção de vacinação, e que ele não recebeu nenhum tratamento especial no processo de inscrição anônima.

O governo federal, responsável pelas fronteiras do país e pelos vistos, não tomou parte no processo de isenção.

As críticas não tardaram num país que mais de 90% das pessoas com mais de 16 anos receberam duas doses de vacina contra a covid-19. O premiê australiano Morrison disse que Djokovic teria que apresentar provas de que não pode se vacinar contra a covid-19. “Se essa evidência for insuficiente, ele não será tratado de forma diferente de ninguém e estará no próximo avião para casa. Não deve haver regras especiais para Novak Djokovic. Nenhuma, de jeito algum”, ressaltou Morrison na terça-feira

A jornalista Samantha Lewis escreveu no Twitter que era “uma obrigação patriótica” de todos os torcedores vaiar Djokovic durante todo o tempo em que ele estivesse no país.

Melbourne teve o lockdown mais longo do mundo para conter o coronavírus, e um surto da nova variante ômicron levou os números de casos a níveis recordes.

A decisão de barrar Djokovic provocou indignação em seu país natal, a Sérvia. O pai de Djokovic, Srdjan Djokovic, acusou as autoridades australianas de manter o sérvio preso, sem contato com sua equipe ou acesso ao celular. “Esta não é apenas uma luta por Novak, mas uma luta mundial”, disse ele em um comunicado.

O presidente sérvio Aleksander Vucic, por sua vez, afirmou que considerava que o tenista foi vítima de “assédio” e afirmou que “toda a Sérvia” o apoia.

Ceticismo sobre pandemia e vacina

Djokovic havia dito antes que não tinha certeza se iria competir no torneio devido a preocupações com as regras de quarentena da Austrália.

“Nós entendemos completamente e temos empatia com as pessoas que estão chateadas com o fato de Novak vir, por causa de suas declarações nos últimos dois anos sobre a vacinação”, disse Tiley a repórteres. “No entanto, em última análise, cabe a ele discutir com o público sua condição, se ele decidir fazer isso, e as razões pelas quais ele recebeu a isenção.”

Desde o começo da pandemia da covid-19, o sérvio tem se mostrado cético sobre os riscos da doença e em relação à vacinação.

Em junho de 2020, ainda na primeira onda de covid-19 na Europa, o tenista ajudou a organizar um torneio exibição na Sérvia e na Croácia que provocou controvérsia por não incluir regras de distanciamento social ou uso obrigatório de máscaras. Ás vésperas de terminar, o evento foi suspenso por conta de um surto de casos de covid entre torcedores, treinadores e jogadores. Pouco depois, Djokovic e sua mulher também testaram positivo para o coronavírus.

Fonte: Deutsche Welle (DW)