andei meio distante de ler notícias internacionais nos últimos dias e, por causa disso, me tornei um completo alienado geopolítico. acabo de descobrir, com imensa surpresa, que saí do brasil e me tornei cidadão norteamericano com direito a voto e a zorra toda já há algum tempo sem nem ter tido o (des)prazer de passar pela imigração gringa.

claro que fiquei inflado de orgulho de poder saudar a bandeira de stars and stripes como um legítimo papa-bacon com direito a deixar de lado essa coisa verde-amarelo ufanística de gritar “brasil acima de tudo e deus acima de todos!”. afinal soa muito mais cosmopolita e desenvolvimentista dizer “god save america!” ou vestir uma camiseta com a carantonha de trump onde se pode ler “make america great again”.

o melhor de tudo isto – de ter me tornado norteamericano sem ter pedido – é ver nossos parlamentares, nossos ministros, nosso presidente subirem a palanques e tribunas pedindo votos dizendo que a democracia vencerá e trump vencerá biden cuja única intenção é acabar com o mundo e com as liberdades (temo-las?).

é altamente patriótico olhar o olhar embasbacado daquele rapaz lá do planalto idolatrando a figura daquele cara lá da white house como se santo fosse. tenho mesmo a impressão que aquele olhar é de súplica ou, quem sabe, de amor profundo.

às vésperas das eleições municipais – que determinam o rumo daquelas que vem por aí, em 2022 – o brasil só tem olhos para as urnas norteamericanas.

e eu que pensava o tempo todo ser brasileiro, me descubro um afro-american lá dos bayou da louisianna.

NR.: e *este post é escrito originalmente em minúsculas pelo autor no blog www.nobicodourubu.blogspot.com