Por Marcos Paim (*)
O lançamento comercial dos primeiros serviços 5G nos Estados Unidos e na Coreia do Sul, anunciado no mês passado, é o primeiro passo para a chegada de uma nova era tecnológica global, na qual o Brasil também está inserido. Trata-se não apenas de uma evolução na velocidade da internet. O 5G oferece conexões e tempos de resposta 100 vezes mais rápido que o 4G. As reações serão praticamente instantâneas, dando total vazão para que a “internet das coisas” funcione sem qualquer necessidade de interação humana.

Assistiremos a multidispositivos conectados – tais como computadores, smartphones, eletrodomésticos, equipamentos eletrônicos e até robôs – e “conversando” para nos dar comodidade sem que tenhamos de nos preocupar (como, por exemplo, uma geladeira eletrônica “percebendo” itens de gosto pessoal ausentes em casa e fazendo pedidos diretamente a um aplicativo de compras em supermercados).

Desenvolver novos softwares, equipamentos inovadores, conexões velozes e interligadas para fazer do Brasil um país realmente 5G será uma tarefa árdua e interessante. Estamos, porém, verdadeiramente preparados para isso?

Inovar é um verbo que parece longe da realidade nacional. Não apenas situamo-nos na 45ª colocação do Bloomberg Innovation Index 2019 (ranking mundial que apresenta os 200 países mais inovadores do planeta), como também, em lista divulgada pela Forbes, representamos apenas 1% das 2 mil maiores empresas do mundo. Ainda, segundo estudo publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o Brasil investe, somando gastos públicos e empresariais, apenas 1,27% do seu PIB (Produto Interno Bruto) em Pesquisa e Desenvolvimento.

E, acima, citamos apenas a “ponta final” da corda. A inicial também preocupa: os estudantes brasileiros estão em retração no que tange aos estudos das Ciências da Natureza, haja vista as notas médias do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em 2018. A nota média em física, química e biologia teve retração de 510,6 para 493 pontos.

Causa e consequência.

Trabalhar a área STEM (acrônimo em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) no Brasil é questão de urgência. Precisa andar na “velocidade 5G”. E voltar as atenções à “ponta inicial da corda” pode ser a grande saída. Preparar os alunos com conhecimentos básicos e habilidades que possam ser aplicadas no futuro está nas mãos do professor. Profissional que, por sua vez, em um sistema educacional deficiente, carece de ferramentas eficazes.

Investir na capacitação de docentes é gerar retorno em educação. Em conjunto com as demais áreas do conhecimento do currículo escolar, as áreas STEM abrem possibilidades para os futuros inovadores em tecnologia do país. Porém, para que o professor consiga prepará-los adequadamente, ele mesmo precisa ser um especialista na sua área de atuação e dentro da sala de aula. Embora o processo de inovação envolva pesquisa, é necessário ter oportunidades de fornecer um mecanismo atraente: aulas práticas. Dar vida aos conteúdos.

Mudar a percepção dos estudantes é fazê-los aprender que Ciência está em tudo o que tocamos, vemos e sentimos. Entender como funciona a ciência aplicada no dia a dia é uma forma de fasciná-los para esse novo mundo de oportunidades. Para sermos um país 5G precisamos de profissionais 5G. E o futuro, que batia à nossa porta, já está entrando em nossas casas.

 

(*) Marcos Paim, professor e diretor do programa STEM Brasil da ONG Educando.

Sobre a Educando

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Fundada em Nova York em 2002 como World Development and Education Fund (Worldfund), a organização não-governamental passou a se chamar Educando em junho de 2018. Desde o início trabalha em parceria com governos locais para trazer investimentos de empresas privadas para projetos educacionais na América Latina. Em 16 anos, a instituição já levantou mais de US$ 30 milhões em investimentos e capacitou mais de 13,2 mil educadores no Brasil e no México, com impacto em mais de 5,5 milhões de estudantes.

 

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