Por Yuri Abreu – Foto Isac Nóbrega/PR

A eleição de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, para o período 2025-2028, deve mexer com as relações diplomáticas entre o país da América do Norte e diversos países ao redor do mundo. Os efeitos dessa escolha pela população estadunidense também serão percebidos no continente sul-americano e, claro, no Brasil, ainda que a região não tenha sido colocada como prioridade, seja pelo republicano, como já não era pelo atual ocupante do cargo, o democrata Joe Biden.

O cientista político Henrique Campos de Oliveira mestre e doutor em Ciências Sociais pela UFBA e sanduíche na Universidade do Colorado, conversou com exclusividade com o Notícias da Bahia para falar dos possíveis impactos do novo governo Trump com os países latino americanos. Henrique que também é Pós-doutor em Direito, Governança e Políticas Públicas pela Unifacs, lidera o Grupo de Pesquisa em Relações Internacionais, Políticas Públicas e Governo.

“Vários democratas fazem isso de uma forma diferente, meio que investindo com políticas pra deixar e manter essa população em seus países, enquanto Trump vai numa perspectiva mais imediatista, mais no sentido de fechar as fronteiras, criar algo parecido com ‘campos de concentração’ a exemplo de um ali na fronteira com o México. Então, essa é que é a lógica da perspectiva de Trump”, completou.

Henrique Oliveira é mestre e doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia. Foto: Arquivo Pessoal

Venezuela e Cuba

Outro ponto abordado pelo especialista são os tensionamentos entre norte-americanos, na nova era Trump, e países como Cuba e Venezuela.

“É importante a gente lembrar que o Trump cogitou invadir e impôs sanções à Venezuela, há tempo atrás. Então há uma tendência a um maior tensionamento com a Venezuela […]. Mas, isso também não é algo dado como certo, porque o Trump também teria uma relação mais próxima com o próprio [Vladimir] Putin [presidente da Rússia]”, lembra Oliveira.

Economia

No âmbito da economia, o doutor em Ciências Sociais diz que outro ponto de “choque” está relacionado ao dólar, a moeda norte-americana. “A vitória de Trump traz instabilidade a economia internacional, devido à tendência a maior tensionamento político e comercial, o que leva a uma busca pelo próprio dólar.”, aponta.

Uma questão abordada por ele ainda versa sobre o esvaziamento de órgãos como a Organização Mundial do Comércio (OMC), inclinando-se a uma onda nacionalista, protecionista. Por esse caminho, haveria uma tendência de aproximação do Brasil ainda mais com a China.

“E se aproximar da China, em termos comerciais, significa uma maior reprimarização da sua economia. Embora a relação de troca com os Estados Unidos não é uma relação também que a gente tenha um uma relação de valor agregado. Mas quando os Estados Unidos sai dessa instância multilateral do comércio, ele pode abrir espaço para a China ocupar”, afirma.

“O Brasil perder competitividade na exportação de produtos com valor agregado pra os países latino-americanos, sobretudo os países da América do Sul que são os países que a gente tem mais relação direta sim que a gente exporta produtos com maior valor agregado”, completa.