Moscou lamenta que não tenha sido possível cumprir os acordos definidos entre os EUA e o Talibã, mas isso não se deveu apenas à posição do último, declarou nesta sexta-feira (27) o chanceler russo Sergei Lavrov.

Ele notou que recentemente, antes da ofensiva em larga escala do Talibã (grupo terrorista proibido na Rússia e em diversos países), “se observava uma tendência para atrasar” as negociações de paz.

“Como sempre, se nada é alcançado à mesa das negociações, há um grande risco de recomeço das hostilidades, e foi isso que aconteceu. Estávamos dispostos a apoiar os acordos que os americanos fecharam com os talibãs e que, infelizmente, não foi possível cumprir, e talvez não tenha sido só por causa da posição do Talibã”, afirmou Lavrov.

Chefe da diplomacia russa disse que os EUA devem extrair ensinamentos da situação no Afeganistão.

“Nossos colegas ocidentais querem sempre unir forças e buscar respostas comuns. Contudo, perguntaram-me isso há alguns dias, é preciso tirar uma lição depois do Iraque, depois da Líbia, e agora depois do Afeganistão. Tentativas de impor um sistema de valores alheio são altamente explosivas”, observou Lavrov em coletiva de imprensa.

Militante do Talibã vigia fronteira entre Afeganistão e Paquistão
© AP PHOTO / MUHAMMAD SAJJAD Militante do Talibã vigia fronteira entre Afeganistão e Paquistão

“Tenho muita esperança que ao menos depois da terceira vez será possível fixar tal conclusão nas mentes dos políticos que ponderam [implementar] novas ações no espaço dos outros”, acrescentou.

Além disso, Lavrov declarou que, à luz da situação vivida no Afeganistão, para a Rússia é essencial garantir a segurança de suas fronteiras meridionais.

“Para nós é crucial garantir a segurança de nossas fronteiras meridionais e de nossos aliados na Ásia Central”, conclui o diplomata.

Atualmente, todos os postos fronteiriços terrestres do Afeganistão são controlados pelos talibãs. A evacuação do pessoal estrangeiro e afegão que trabalhou em missões estrangeiras se realiza através do único aeroporto de Cabul, que ainda é controlado pelos EUA e outros países da OTAN. Talibã afirmou que não tinha intenção de conceder aos americanos um adiamento para evacuar os cidadãos dos EUA depois de 31 de agosto.

Fonte: Sputnik Brasil