Por Redação – Foto Divulgação/FGM
A Festa de Iemanjá é considerada umas das mais importantes celebrações religiosas da capital baiana. Reconhecida como patrimônio imaterial de Salvador, através de decreto municipal datado de 1º de fevereiro de 2020, a celebração, realizada no Rio Vermelho, todos os anos, atrai uma multidão de devotos, turistas e admiradores.
A Fundação Gregório de Mattos (FGM), com o objetivo de proteger e valorizar essa manifestação, está ampliando os investimentos em torno dos elementos que simbolizam a festa.
As ações contemplam a elaboração do plano de salvaguarda da celebração, o restauro da imagem de Iemanjá, fixada em frente à Casa que leva seu nome, e a requalificação de seis embarcações que participam do ritual de entrega dos presentes à rainha do mar.
Os recursos são provenientes de dois editais de fomento e salvaguarda abertos pela Fundação. O primeiro, Salvador Cidade Patrimônio, foi lançado em 2023, dentro do conjunto de iniciativas da Lei Paulo Gustavo, executando um total de R$ 1 milhão. Essa chamada previu apoio a ações de proteção do patrimônio material e imaterial da capital.
Já o segundo, chamado de Salvaguarda da Festa de Iemanjá – Requalificação dos Barcos do Presente da Colônia Z1, foi realizado através de convênio entre a FGM e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
O certame teve o objetivo de selecionar uma proposta para a recuperação de 06 (seis) embarcações que participam da entrega dos presentes a Iemanjá, destinando o montante total de R$ 100 mil.
Nilo Garrido, presidente da Colônia, ressalta a importância dessa ação: “a reforma era muito necessária, e fico feliz por ver isso acontecendo. É uma melhoria para nós, pescadores, e para a festa como um todo”.
Além dessas iniciativas, a FGM já deu início ao processo de restauração da imagem de Iemanjá, localizada no Rio Vermelho.
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A expectativa dos pescadores que fazem parte da Colônia Z1 é de que as intervenções resgatem os aspectos originais da representação. “A gente espera que ela volte a ser como era antes, sem toda aquela tinta que cobria as conchas”, defende Nilo.
De acordo com o Diretor de Patrimônio e Equipamentos Culturais da FGM, esses esforços reforçam o compromisso da instituição em preservar a riqueza cultural e as tradições que são próprias de Salvador.
“Com isso, estamos também contribuindo para garantir que a Festa de Iemanjá continue a atrair a atenção de soteropolitanos e visitantes de todo o mundo”, afirma.
Ainda com a intenção de fortalecer a festa, a FGM, em parceria com a Associação de Terreiros da Bahia Egbé Axé, tem promovido oficinas para elaboração do plano de salvaguarda da manifestação.
O Gerente de Patrimônio Cultural da Fundação, Vagner Rocha, ressalta que esses encontros são essenciais para ouvir os detentores e transformar seus anseios em ações de curto, médio e longo prazo, garantindo a continuidade da celebração. “O plano é um documento norteador que permitirá a salvaguarda da Festa de Iemanjá”, explica.
Detentores da Festa
O decreto n.º 32.122, de 01 de fevereiro de 2020, que reconheceu a Festa de Iemanjá como Patrimônio Imaterial, considera que a manifestação foi introduzida por pescadores do bairro do Rio Vermelho, desde a década de 20 do século passado, reforçando a fé no culto afro-brasileiro e o sentido de baianidade.
São eles os responsáveis por guardar e entregar os presentes consagrados à Mãe das Águas, assumindo uma posição de protagonismo dentro da festividade.
Nilo Garrido afirma que o gesto de entrega dos presentes à orixá confere uma beleza ao ritual: “A gente sempre oferece presentes para Iemanjá. Isso valoriza ainda mais a festa, que fica mais bonita”.
Outras iniciativas de salvaguarda
Com o tema ‘Legado Afro-Soteropolitano: Fé, Festa e Outras Frestas’, nos dias 20 e 21 de agosto deste ano, a FGM promoveu a V Jornada do Patrimônio Cultural. Realizada pela primeira vez fora dos muros da Fundação, constituindo-se como uma proposta itinerante, a Jornada percorreu dois locais simbólicos para a história, a fé e a cultura soteropolitana. Um deles foi a Colônia de Pesca Z1, no Rio Vermelho.
“A promoção da Jornada na Colônia de Pesca Z1 foi uma forma de reconhecer a importância dos pescadores para a preservação do patrimônio cultural, que têm sido fundamentais para a valorização da identidade e da memória de nossa cidade”, destaca o Diretor de Patrimônio e Equipamentos Culturais da FGM, Chicco Assis.
Também com esse objetivo, no próximo dia 28 de janeiro de 2025, a Colônia de Pesca Z1 irá sediar mais uma edição do Projeto Patrimônio é…, que vai discutir a Festa de Iemanjá. Esse projeto promove, mensalmente, rodas de conversa sobre as diversas dimensões do patrimônio cultural da cidade.
O objetivo é fomentar a educação patrimonial através dos encontros. As rodas de conversa reúnem grandes pensadores, acadêmicos, artistas e agentes culturais para dialogar sobre o patrimônio cultural da cidade, em articulação com a história, memória, arquitetura, espaço público, educação, gestão e economia da cultura.