Psicanalista alerta que é preciso buscar ajuda profissional para superar

 Andréa Ladislau*

Viajar, mudar de ambiente, conhecer novas culturas, desligar-se de atividades exaustivas, por um período de tempo, é o que muita gente ama fazer.

Muitos trabalhadores esperam as férias para as tão esperadas e sonhadas viagens. Momentos de descanso e relaxamento que proporcionam bem estar e satisfação no indivíduo.

Porém, nem todos encaram a viagem ou os longos deslocamentos com tanta alegria e prazer. Estes, sofrem com um tipo de fobia ansiosa que é classificada como um transtorno mental que pode trazer sérios danos emocionais para o ser humano: a Hodofobia.

Esse transtorno da Hodofobia, afeta, significativamente, a vida de uma pessoa, uma vez que limita suas atividades diárias, restringindo a liberdade. Neste sentido, a pessoa sente ansiedade e apreensão apenas por se imaginar viajando, seja de carro, ônibus, avião, trem ou a pé. Não importa o meio da locomoção, mas a ação em si gera a angústia e repulsa ao mesmo tempo.

Não existe uma causa específica para o desenvolvimento do problema. Cada indivíduo doente, poderá manifestar por causas diversas e individualizadas. No entanto, as mais comuns, estão relacionadas a algum tipo de trauma ou acidente que se possa ter sofrido anteriormente.

Viagens passadas que deixaram marcas negativas e evidentes, desencadeando medo e, consequente, ansiedade generalizada que justifica o medo de perder o controle ou de enfrentar situações desconhecidas.

 Isso acontece porque, um dos principais aspectos envolvidos na maioria das viagens é a novidade, o desbravamento de algo novo e desconhecido. Exceto naquelas em que se vai para lugares corriqueiros e costumeiros, como: a casa de parentes, por exemplo.

E é exatamente o enfrentamento dessa novidade, sem saber o que irá encontrar, que faz com que o transtorno seja atenuado, já que o indivíduo não consegue ter o controle do que pode vir a acontecer.

Quem sofre com esse tipo de transtorno por fobia, raramente, sai de casa ou participa de atividades sociais. O isolamento, neste caso, é um companheiro permanente. Uma das consequências emocionais da necessidade de não interagir e manter-se isolado, é a perda de oportunidades de crescimento pessoal.

Além do impacto negativo que a Hodofobia também traz para o campo profissional, pois limita o indivíduo de se deslocar a trabalho, realizando viagens de negócios, não podemos esquecer do campo afetivo e dos relacionamentos, que também ficam afetados por essas restrições.

O tratamento para a Hodofobia é a terapia e a construção de uma rede de apoio que possa auxiliar a superar o medo de viajar. Esse apoio social, o incentivo e estímulo às interações sociais, fazem toda a diferença no equilíbrio mental.

Planejar o percurso, iniciar com viagens de curta duração, escolher locais menos agitados, não se comparar com outros viajantes, ter sempre uma companhia de viagem que transmita segurança e apoio, levar consigo recursos que gerem calma e conforto, são dicas valiosas para quem enfrenta o problema.

Enfim, a Hodofobia é mais comum do que podemos imaginar. Enquanto muitos vibram por uma viagem e se declaram verdadeiros andarilhos e desbravadores de territórios, em busca de divertimento, relaxamento e aventuras; outros sofrem só de se imaginar deslocando para lugares, para eles considerados inseguros e ameaçadores.

Um tipo de fobia que precisa de acompanhamento especializado, estratégias corretas e apoio para minimizar os impactos negativos, proporcionando ao hodofóbico, uma maior qualidade de vida e liberdade para viajar e socializar com outras pessoas, através de paciência e acolhimento.

*Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Possui especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro. Instagram: @dra.andrealadislau