Por Redação – Foto Divulgação
Em uma operação minuciosa e sofisticada, o serviço de inteligência de Israel teria criado uma empresa de fachada para vender pagers com explosivos instalados ao Hezbollah, revelou uma reportagem do jornal “The New York Times” publicada nesta quinta-feira (19). Segundo a investigação, o plano de longo prazo foi desenhado para atingir o grupo extremista libanês, responsável por vários ataques contra Israel.
De acordo com depoimentos de membros do serviço de inteligência israelense, a empresa de fachada BAC Consulting KFT, baseada em Budapeste, na Hungria, foi estabelecida com o intuito de fabricar e distribuir os pagers ao Hezbollah. A ação foi coordenada e planejada desde 2022, antes do início do atual conflito entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza. O Hezbollah, que tem atacado o norte de Israel em apoio ao Hamas, adotou os pagers como uma alternativa de comunicação para evitar o rastreamento de celulares.
A reportagem detalha que a BAC Consulting KFT terceirizou a produção dos dispositivos para a empresa taiwanesa Gold Apollo. Em um comunicado, a fabricante original afirmou que os pagers adquiridos pelo Hezbollah foram produzidos pela empresa de fachada israelense, não tendo relação direta com a produção desses dispositivos explosivos.
Os pagers foram detonados quase simultaneamente na terça-feira (17), matando 12 pessoas e ferindo mais de 2.750. A tecnologia empregada permitia que os microexplosivos instalados nos aparelhos fossem acionados à distância. Segundo o “The New York Times”, apenas os dispositivos vendidos ao Hezbollah estavam equipados com explosivos; os modelos vendidos a outros clientes eram inofensivos.
Nos últimos meses, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, incentivou a substituição de celulares pelos pagers, recomendando publicamente a troca e adquirindo um lote de 4.000 dispositivos da BAC Consulting KFT. A operação do serviço de inteligência israelense teria se aproveitado dessa demanda para atacar diretamente o grupo, minando suas operações.