O Conselho da Aty Guasu, principal organização política e social do povo Guarani-Kaiowa, acusa jagunços da Fazenda Querência, em Aral- Moreira, em Mato Grosso, de terem torturado indígenas na noite da última terça-feira (16). Alguns deles, a entidade não precisa quantos, teriam ficado surdos, após tiros disparados próximo ao ouvido.

Ainda de acordo com a Aty Guasu, os indígenas relataram que foram abordados por homens armados que saltaram de uma caminhonete dentro do Tekoha (área tradicional) Guaviry, reivindicada pelos Guarani-Kaiowá, mas que segue sob litígio, aguardando reconhecimento e demarcação do governo federal.

“Vocês vão morrer hoje”, teriam gritado os jagunços. “Os indígenas torturados e bem ensanguentados conseguiram escapar e correr do local”, afirma a Aty Guasu, que encaminhou a denúncia ao Ministério Público Federal de Ponta Porá, município vizinho de Aral-Moreira.

A Fazenda Querência é reincidente em casos de violência na região. Em 2011, o cacique Nisio Gomes desapareceu e seu corpo nunca foi encontrado. De acordo com os indígenas, os funcionários da fazenda o assassinaram. Seu proprietário, Idelfino Maganha, foi acusado pelo Ministério Público Federal como responsável pelo crime.

Em 2016, houve outro ataque ao Tekoha Guaiviry, 16 tiros foram disparados em direção aos indígenas. Na época, os Guarani-Kaiowá relataram que os homens surgiram em duas caminhonetes e quando partiram entraram na Fazenda Querência.

Procurado pela reportagem para comentar o assunto, o Ministério Público Federal no MS, que seria responsável pela apuração dos fatos e eventual culpabilização dos responsáveis, afirmou:

“O MPF confirma o recebimento de representação (denúncia) acerca dos fatos narrados. Agora, analisa os elementos e colhe informações a fim de decidir os próximos passos. O órgão ministerial acionou as polícias civil e militar, as quais, a partir da provocação, lavraram os boletins de ocorrência. O MPF provocou ainda a FUNAI para atuar no caso, pois é função exclusiva da FUNAI prestar tutela e apoio aos indígenas.”

 

Fonte: Brasil de Fato