Beto Barata/PR/Agência Brasil

O presidente Donald Trump convidou os presidentes Michel Temer e Juan Manoel Santos, da Colômbia, para um jantar, na próxima segunda-feira, na véspera da abertura da Assembleia Geral da ONU. No cardápio, entre outros temas, o prato principal será a situação na Venezuela.

O convite também foi feito ao presidente peruano Pedro Kuczynski, que não havia confirmado presença até a tarde desta quarta-feira. Em comum, os três países têm feito inúmeras críticas ao governo do presidente Nicolás Maduro, a quem acusam de rompimento do regime democrático, violação de direitos humanos e perseguição política aos opositores.

Em meados de agosto, Trump declarou que cogitava uma possível intervenção militar no país, caso o governo venezuelano não estabelecesse diálogo com a oposição, pondo fim à crescente instabilidade social no país. Também no mês passado, Washington ampliou as sanções à Venezuela, proibindo a compra de bônus do governo ou da estatal petrolífera PDVSA.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Diogo Dario, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), concorda que Venezuela será um dos temas centrais do encontro, mas acha difícil que o jantar sirva como aval de Brasil, Venezuela e Peru endossarem uma eventual intervenção militar no país caribenho.

“Acho pouco provável que uma solução desse tipo [intervenção militar] seja factível. A diplomacia latino-americana foi construída de uma maneira tal que a época de intervenção militar em países sul-americanos acabou. Por mais que ele [Trump] coloque essa agenda, ela não vai se posicionar. Mesmo Temer, com toda a posição isolacionista que tomou em relação ao Mercosul e à Venezuela, tem fronteiras que vejo muito difícil ele cruzar”, analisa o professor da UFRJ.

Na avaliação de Dario, do jantar pode surgir mais uma espécie de pressão concentrada e uma crítica pública em relação ao governo venezuelano. Dario acredita que Temer pode aproveitar esse momento de cobrança de apoio aos EUA para extrair de Trump alguns avanços em relação à agenda brasileira pretendida com os Estados Unidos.

“Intervenção armada é um cenário que não vale a pena, nem para o governo Temer, pagar o preço político de se expor a esse tipo de risco. A forma como o regionalismo sul-americano está construído estigmatiza esse tipo de alternativa. Mesmo em 2009, quando a Colômbia invadiu o Equador, envolvendo as FARC, aquilo não escalou para um conflito”, lembra Dario. “Se ele [Trump] tiver um mínimo de orientação política, não vai colocar essa opção na mesa.”

 Sputnik