Por Redação – Foto Conaq

 

A liderança quilombola Bernadete Pacífico, de 72 anos, assassinada a tiros na noite de quinta-feira (17), na Região Metropolitana de Salvador, também era ialorixá, líder religiosa, da comunidade Pitanga dos Palmares, e coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq).

Em julho deste ano, Bernadete participou, ao lado de outras lideranças quilombolas da Bahia, de um encontro com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, na comunidade Quingoma, em Lauro de Freitas, também na Região Metropolitana de Salvador. Na ocasião, ela denunciou ameaças e violências contra a comunidade quilombola.

Mãe Bernadete, como era conhecida, foi secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial na cidade de Simões Filho, onde fica o terreiro, durante a gestão do prefeito Eduardo Alencar (PSD) (2009-2016). ‘Sambadeira’, Bernadete também era conhecida por sua defesa da cultura popular quilombola.

Ela cobrava justiça pela morte do filho, Flávio Gabriel dos Santos, o Binho do Quilombo, que foi assassinado em 2017, por homens armados também na área do quilombo.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, Bernadete foi morta por dois homens, usando capacetes, que entraram no imóvel da associação quilombola onde estava a vítima e efetuaram disparos com arma de fogo.

Segundo a Conaq, “atuava na linha de frente para solucionar o caso do assassinato do seu filho Binho e bravamente enfrentou todas adversidades que uma mãe preta pode enfrentar na busca por justiça e na defesa da memória e da dignidade de seu filho.”

 

O quilombo Pitanga dos Palmares, que era liderado por Bernadete também é responsável por uma associação onde mais de 120 agricultores produzem e vendem farinha para vatapá, além de frutas e verduras como abacaxi, banana da terra, inhame e maracujá. Cerca de 290 famílias vivem no local de 854 hectares. O quilombo foi certificado em 2004, mas ainda não teve o processo de titulação concluído.