Por Redação – Foto REUTERS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta quinta-feira (15) que o Brasil fará uma doação para a UNRWA (Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina), no momento em que vários países decidiram cortar fundos destinados à organização.

Lula confirmou em discurso na sede da Liga Árabe, no Cairo, que o Brasil mantém seu apoio à defesa da existência de um Estado palestino independente e sua integração como membro pleno da ONU.

“O governo brasileiro fará novo aporte de recursos para a UNRWA. Exortamos todos os países a manter e reforçar suas contribuições”, disse o presidente.

Lula chamou de “desumanidade e covardia” a suspensão do apoio dos países ricos à agência, declarada depois que Israel acusou a agência de acobertar funcionários que supostamente atuariam para o Hamas.

“No momento em que o povo palestino mais precisa de apoio, os países ricos decidem cortar a ajuda humanitária à Agência da ONU para os Refugiados da Palestina (UNRWA). As recentes denúncias contra funcionários da agência precisam ser devidamente investigadas, mas não podem paralisá-la”, disse Lula.

Israel acusa a UNRWA de acobertar 13 funcionários que supostamente teriam participado dos ataques do Hamas a Israel em outubro, apresentando um dossiê que acusa 190 funcionários da agência de ligações com o grupo. As acusações levaram os 10 principais doadores a suspenderem recursos para agência.

A falta de dinheiro pode suspender toda a operação da UNRWA no final deste mês, segundo seus responsáveis.

Lula também criticou a resposta militar de Israel em Gaza. Deixando claro que o ataque do Hamas ao país é indefensável e foi duramente criticado pelo Brasil, contudo, o presidente classificou a resposta de Israel como desproporcional.

“É urgente parar com a matança. A posição do Brasil é clara: Não haverá paz enquanto não houver um Estado palestino, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital”, afirmou.

“A decisão sobre a existência de um Estado palestino independente foi tomada há 75 anos pelas Nações Unidas. Não há mais desculpas para impedir o ingresso da Palestina na ONU como membro pleno.”

Durante sua fala ao lado do presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, o presidente já havia criticado Israel, afirmando que o país parece ter “primazia de não cumprir” nenhuma decisão das Nações Unidas.

“O que é lamentável é que as instituições multilaterais que foram criadas para ajudar a solucionar esses problemas não funcionam. Por isso o Brasil está empenhado para que a gente consiga fazer as mudanças necessárias nos órgãos de governança global”, disse.