Longe de refletir apoio dos grandes meios de comunicação,  que jamais reconheceram seus méritos como homem público, as pesquisas eleitorais de 2021  traduzem a experiência concreta da maioria da população com os governos que Lula liderou e inspirou.

A estatura que sua candidatura assumiu é a contrapartida  inevitável das tragédias produzidas pelo bolsonarismo, agravadas na pandemia — mas não só.

Ao reconhecer a suspeição de Sérgio Moro, o STF devolveu a Lula  uma dignidade cidadã que a Lava Jato, inutilmente, tentara lhe roubar.

Fruto de uma reviravolta no sistema político cuja velocidade poucos puderam antecipar, a ascensão de Lula explica os movimentos adversários, que conspiram pelo golpismo cada vez mais agressivo de Bolsonaro, o parlamentarismo de bolso na conversa de Luiz Roberto Barroso,  sem falar nos sonhos improvisados de uma candidatura à direita, nova em folha, escondida dos fracassos retumbantes de seus primogênitos ideológicos.

A alta rejeição dos concorrentes, a começar por Bolsonaro, indica que pode haver espaço para mudanças e surpresas auxiliadas por milionários esquemas de propaganda, como outras vezes se viu no passado.

A diferença é que a posição de Lula nas pesquisas não é um dado do momento, mas coerente com a experiência sedimentada na consciência da própria população que irá às urnas.

Trata-se de uma massa de brasileiros e brasileiras identificada com um líder que esteve à frente de quatro vitórias consecutivas em eleições presidenciais. Só não obteve uma provável  quinta  consagração, em 2018, em função da entrada em cena de um general que assustou o Supremo com a ameaça de um golpe militar pelo tuíte.

Seria muita ingenuidade, obviamente, imaginar que os números de hoje asseguram uma vitória por antecipação. A lição número 1 das análises políticas ensina que uma eleição é uma longa disputa política que apenas se traduz pelas urnas.

Ainda assim, não é possível ignorar que, longe de qualquer  improvisação, a candidatura de Lula representa uma saída madura diante de uma tragédia sem igual na história brasileira. Líder da disputa, carrega o oxigênio e pode levantar a nação.

Por Paulo Moreira Leite (Brasil 247)