Brasil de Fato – O ex-presidente Lula (PT) comentou a operação militar anunciada pelo presidente russo Vladimir Putin em Donbass, na Ucrânia. Segundo o petista, “é lamentável que, na segunda década do século 21, a gente tenha países tentando resolver suas divergências, sejam territoriais, políticas ou comerciais, através de bombas, de tiros, de ataques, quando deveria ter sido resolvido numa mesa de negociação”.

As declarações foram feitas durante entrevista concedida na manhã desta quinta-feira (24) às rádios Supra FM, de Luziânia (GO) e do Gama (DF), e 103.5 FM, que é transmitida para o Entorno do Distrito Federal. O bate-papo foi mediado pelo jornalista e apresentador Hélio Porto Jr. e contou com transmissão pelas rádios e também pelas redes sociais do ex-presidente.

Lula relembrou que as grandes potências mundiais invariavelmente se envolvem em episódios bélicos “sem pedir licença”: “Acho que ninguém pode concordar com guerra, mas a gente está acostumado a ver que as potências de vez em quando fazem isso sem pedir licença. Foi assim que os Estados Unidos invadiram o Afeganistão e o Iraque. Foi assim que a França e a Inglaterra invadiram a Líbia”, afirmou.

Segundo o ex-presidente, “as Nações Unidas têm que levar em conta que não têm mais a mesma representatividade que tinham, levar em conta que a geografia política do mundo mudou. É preciso colocar mais países para participar do Conselho de Segurança, ter mais representação da África, da América Latina. É importante aumentar a capacidade de governança da ONU, que não seja uma instituição apenas decorativa”.

Lula criticou a cobertura das tensões entre Ucrânia e Rússia, assim como a ideia propagada pelo atual governo, de que a visita do presidente Jair Bolsonaro a Moscou, na semana passada, teria servido para aplacar esse conflito.

“Quem acompanhou a imprensa nos últimos dias teve a impressão que teve mais gente instigando a invasão para justificar o seu discurso do que gente falando em paz. Parece até uma piada, o Bolsonaro foi lá falando que ia resolver a paz e agora eu acho que é importante mandar ele lá pra Ucrânia, para ver se ele consegue resolver o problema. Como ele adora falar mentira, fazer fake news, ele foi lá e tentou passar para sociedade que foi lá numa missão”, lembrou. “É uma tristeza estar falando aqui de guerra, eu não me conformo”.