Debater, pesquisar e difundir conhecimentos das áreas técnicas das artes cênicas é o mote do projeto Labcenas (Laboratório de Tecnologias para a Cena), que reúne mais de 30 profissionais dos bastidores. A primeira edição do projeto, que busca dar visibilidade a esses profissionais talentosos, promove uma série de atividades gratuitas on-line, como mesas de diálogos, oficinas até o dia 31 de março, e o lançamento de uma revista digital no dia 10 de abril.

O projeto surge da necessidade de pautar a importância das áreas técnico-criativas e de seus trabalhadores para a produção artística, além de suscitar o fomento ao campo das tecnologias aplicadas às artes. Diante da pandemia que assola todo o campo cultural e afetou diretamente os profissionais do campo técnico, o Labcenas atende a uma deficiência histórica que afeta o acesso à informação, capacitação e produção de conteúdos do fazer artístico no estado da Bahia.

Às segundas de março, sempre às 19h, ocorre o Labfórum, espaço para discussão de assuntos do universo da técnica nas artes, on-line no YouTube. Ao envolver uma rede de profissionais atuantes no campo técnico na Bahia e em outros estados, os encontros trazem temas como virtualização dos espaços culturais, a centralização do mercado teatral na capital, questionamento sobre os espaços ocupados pelos profissionais negros na cena teatral baiana, a importância da escuta e diálogo no processo criativo da iluminação cênica e o mercado da cenografia.

A terceira mesa do Labfórum “Repensando o Teatro – Em que cena estamos?”, prevista para o dia 15 de março, conta com a presença da iluminadora e atriz Maria Carla, do ator e iluminador Nando Zâmbia, da costureira e modelista Saraí Reis e do ator e produtor Fábio Osório Monteiro. O evento irá compartilhar histórias e experiências acerca dos espaços geralmente ocupados por profissionais negros na cena teatral baiana. “É um assunto urgente e que precisa ser discutido. Percebemos de maneira acentuada a presença dos profissionais negros nas funções da nossa cadeia produtiva com menor remuneração. Enquanto outros espaços criativos, curatoriais e de gestão estão majoritariamente ocupados por pessoas de tez mais clara. E isso é um dado. Um dado que é racial, que é social, que é histórico”, pontua Moisés Victório, diretor do Labcenas.

No mesmo dia, a produtora Ana Paula Vasconcelos irá ministrar a oficina “Autogestão” sobre estratégias para o mercado. O evento segue até o dia 17 de março, das 9h às 12h.

O projeto lançará ainda, no dia 10 de abril, a primeira edição da Revista Labcenas, publicação digital que nasce do desejo de reparar e amplificar na discussão sobre as artes cênicas as vozes e conhecimentos dos profissionais das áreas técnicas que ganharam, ao longo da história, sub-representação em publicações do campo de domínio das artes.

Uma realização da Bogum Ambiente Criativo e da Multi Planejamento Cultural, o Labcenas tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

A programação completa do projeto está disponível no site www.bogum.com.br/labcenas.

PROGRAMAÇÃO

OFICINA

Autogestão – Estratégias para o mercado profissional
Dias: 15, 16 e 17/3, das 9h às 12h
Carga horária: 9h
Com Ana Paula Vasconcelos – BA

LABFÓRUM
Segundas-feiras de março, às 19h
No canal no YouTube da Bogum Ambiente Criativo
http://bit.ly/labforum

Repensando o Teatro – Em que cena estamos?
Dia: 15/3, às 19h
Mediador – Moisés Victório (Salvador – BA)
Maria Carla (Salvador – BA)
Nando Zâmbia (Alagoinhas – BA)
Saraí Reis (Salvador – BA)
Fábio Osório (Salvador – BA)

SOBRE OS PROFISSIONAIS

FÁBIO OSÓRIO MONTEIRO

Ator, dançarino e produtor com mais de vinte espetáculos na carreira. Desde 1998, tem se dedicado a obras cênicas. Em 2011 estreou “Edital”, seu primeiro trabalho solo e autoral. Já em 2017, “Bola de Fogo” estreou como o seu segundo projeto. Em 2016, participou da remontagem brasileira do espetáculo “The Show Must Go On”, do diretor francês Jerome Bel. Em agosto de 2020, estreou “Maré”, peça sonora da Cia Brasileira de Teatro, grupo com o qual desenvolve atualmente um novo trabalho cênico chamado “Sem Palavras”. Osório foi vencedor do Prêmio CBTIJ de Teatro (RJ), na categoria “direção de produção” por “Shtim Shlim: o sonho de um aprendiz” (2016).

MARIA CARLA

Atua nas artes cênicas como iluminadora, produtora, professora e atriz. Foi responsável pela iluminação e operação dos espetáculos “Maria, um rito para a minha avó”, “Consertam-se imóveis”, “As centenárias e relatos sentimentais para corações juvenis”, do show “Cais e Sais” e do lançamento do álbum “Um corpo no mundo”, ambos de Luedji Luna. Maria Clara realizou a coordenação técnica e a operação de luz da “Caravana das três Marias” (2017/2018), composta pelas encenações “Solo Almodóvar”, “Benedita” e “Amanheceu”.

MOISÉS VICTÓRIO

Artista da luz, do audiovisual e da música. Com mais de quinze anos de atuação na área artística, vem desenvolvendo projetos ligados à produção e difusão da música contemporânea e experimental, concepção de iluminação para espetáculos cênicos e shows musicais, além de participações em produções audiovisuais.

NANDO ZÂMBIA

Ator, iluminador e produtor negro iniciou sua carreira no interior da Bahia, em Alagoinhas, em 1999, no Centro Integrado Luiz Navarro de Brito. Ingressou no Nata (Núcleo Afro-brasileiro de Teatro de Alagoinhas) no qual desenvolveu suas pesquisas como ator e iluminador. Nando é criador e produtor do Festa (Festival de Artes de Alagoinhas) e reúne nos últimos anos produções que enxergam as artes negras como foco de discurso e pluralidade como meio de fruição artística.

SARAÍ REIS

Costureira e modelista, trabalha na área de criação e confecção de moda afro há 37 anos, iniciando a carreira com a criação da marca e Ifá Veste. Foi coordenadora no grupo de costura do Teatro Vila Velha, atuando na produção de figurinos para espetáculos. Além disso, foi instrutora de oficinas de corte e costura no Teatro Solar Boa Vista e na Fundação Pierre Verger. Já compartilhou experiências profissionais com os mais diversos figurinistas da cena baiana.