Lula Marques/AGPT

Apesar do discurso oficial de austeridade e cortes de gastos, o governo do presidente Michel Temer (PMDB) seguiu o caminho inverso ao aumentar em 2.000 o número de cargos especiais comissionados nos útimos 18 meses, quando o peemedebista assumiu o país, informou a ONG Contas Abertas.

De acordo com o levantamento, com dados retirados do Painel Estatístico de Pessoal, o governo federal possui hoje 22.600 comissionados nas chamadas DAS (Direção e Assessoramento Superiores), notoriamente no Executivo. O número difere dos 20.500 que tinham posições do gênero no governo de Dilma Rousseff (PT).

Logo que assumiu o Palácio do Planalto, Temer prometeu “cortar na carne” e enxugar a máquina pública, a começar com um corte de 4.000 cargos. A decisão foi à época anunciada pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), que ocupava o Ministério do Planejamento, com uma previsão de economia de até R$ 1 bilhão.

Contudo, segundo a ONG, o governo federal fez poucos cortes e voltou a empregar comissionados com intensidade nos últimos meses, sobretudo entre junho e outubro de 2017, quando Temer enfrentou duas denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) — ambas acabaram arquivadas pela Câmara dos Deputados.

“Entre junho e outubro deste ano, meses em que as denúncias contra o presidente Michel Temer foram analisadas pelo Congresso, cerca de 335 pessoas, concursadas ou não, foram alocadas em cargos comissionados em diferentes áreas. O que dá uma média de dois cargos por dia ao longo dos cinco meses”, diz o comunicado da Contas Abertas.

Em nota enviada ao jornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo, o Palácio do Planalto garantiu que fez os cortes e que economizou R$ 193 milhões, mas tais dados não batem com os números oficiais, segundo a ONG.

Anteriormente, o governo federal empenhou cifras bilionárias em favor de deputados federais em troca de votos que ajudaram a barrar as duas denúncias contra Temer na Câmara. Tanto em junho quanto em outubro, os repasses atingiram valores que destoam do restante do ano.