Romana Dovganyuk *

O advento da Covid-19 colocou a humanidade cara a cara com um dos seus maiores temores: o medo da morte. Neste caso, a morte massiva e indiscriminada. Afinal, como as diversas crises sanitárias pelas quais já passamos, esta não escolhe seus alvos por classes, etnias, ideologias ou religiões. Atinge e mata qualquer um. Simplesmente assim. Pobres, maltrapilhos, ricos e poderosos.

Já vivenciamos (e sofremos) vários surtos de doenças como agora. A Peste Negra foi talvez até hoje, a mais devastadora de todas e, afirmam os registros, matou entre 75 a 200 milhões de pessoas no período de 1347 a 1351 quando atingiu o seu pico na Europa; a Gripe Espanhola, provocada pelo vírus Influenza, deixou pelo menos 50 milhões de mortos embora historiadores admitam a possibilidade de que os números possam ter chegado à marca de 100 milhões de vítimas fatais.

Depois disso, atravessamos crises severas com o Ebola, o HIV e algumas outras menores, mas mesmo assim crises e sérias. E todas elas nos fizeram – e nos fazem – parar para pensar, meditar e até mesmo questionar muitas coisas. A respeito de tudo e, principalmente, a respeito de nós próprios.

Atualíssima, a pandemia de coronavírus vem causando sérios danos à economia global, mas o regime de bloqueio, de isolamento no qual as pessoas foram orientadas a não deixar suas casas, a menos que seja absolutamente necessário, tem sido muito lucrativo para alguns segmentos como supermercados, farmácias, e-commerce e outros que necessariamente não precisam da instalação física para sobreviver ao caos gerado por esse medo (que alguns até chamam de histeria) para sobreviver). Criticado por muitos e defendido por tantos quantos, o isolamento é uma estratégia, uma medida estritamente necessária para salvar vidas e evitar a contaminação disseminação do vírus.

Como o mundo, o Brasil, também está mergulhado nesta crise. Mas o Brasil vive ainda uma crise tão aguda quanto a provocada pela Covid-18 que é a crise política que não ajuda a resolver problemas nem salvar vidas ou planejar para superar uma outra crise: a econômica. A partir dessa embrulhada, a grande preocupação brasileira é não entrar em colapso total.

Onde e como o “Efeito Coronavírus” e “Política no Brasil “ afetam o povo e as empresas brasileiras em geral?

Em meio às desconfianças e dificuldades de mercado, as empresas pelo mundo afora estão buscando adaptações para continuar atendendo seus clientes e não parar suas operações; já nas brasileiras o cenário é muito diferente. Adaptamos e até certo ponto incentivamos o trabalho no sistema “home office” conectados com o mundo. No entanto, convivemos ao mesmo tempo com uma grave crise política e grande instabilidade cambial.

Temos graves problemas criados pela Presidência que agravam esse caos em várias esferas desestabilizando o mercado nacional e prejudicando exportação e Importação. Ontem, por exemplo, dólar fechou a RS$ 5,82 apesar da “garantia” de que jamais passaria dos 5 reais. Inúmeros contratos eram baseados na promessa do governo.

Que espécie de confiança o governo tenta criar em meio a uma briga interna? Prejudicando o povo sem apresentar nenhum plano concreto de cooperação entre saúde e economia? A que custo? Hoje, o mercado tenta se manter, ou pelo menos se equilibrar. Quem pega crédito no banco, quem supera e o que será do amanhã com a perda diária de mais de mil vidas?

Dólar em alta, preços não controlados no mercado interno para produtos essenciais. Empresas fechando as portas e o consequente desemprego massivo. Para se governar um país, assim como dirigir com sucesso uma empresa, tem que se ter conhecimento e ter, ao lado, uma equipe tecnicamente preparada para trabalhar nas mais diversas áreas.

Para voltar e reestabelecer o mercado precisaremos montar um modelo de restituição e cooperação, que somente com a união de dois ministérios pode ser criado – Ministério do Saúde e Ministério da Economia! Esperamos que tudo seja resolvido logo.

Após a crise global que levou ao surto e à subsequente pandemia do Coronavírus, vários países, inclusive os islâmicos como o Irá sofreram não somente restrições e bloqueios, mas enormes danos em áreas como saúde pública, segurança mental humana e economia global. O Brasil vem sofrendo mais com a crise política e tenta trabalhar a situação.

Em tais circunstâncias, hoje o mundo está cada vez mais necessitado de esperança para o futuro e também de esforços científicos e cooperação das elites para alcançar uma cura e compartilhar experiências de países com algum sucesso ao lidar com essa grande crise.

O Programa de Intercâmbio de Ciência nos mercados privado e público dos países da América Latina com ênfase na importância de compartilhar conhecimentos, experiências e realizações dignas neste momento crítico, está trabalhando para fornecer a melhor plataforma possível por meio de uma cúpula temática virtual sobre o Coronavírus, sinergizar as capacidades de cientistas e especialistas do mundo e mundo islâmico também para ajudar a resolver esta crise global e juntar nações.

Hoje o que pode ser – e é – mais desumano é manter bloqueios e restrições econômicas. Vamos nos juntar e abrir mãos e corações para poder ajudar nas nossas exportações e importações. Porque este Covid-19 não é somente castigo, mas também é lição e benção para o mundo mudar para melhor!

*Romana Dovganyuk é empresária e presidente da Câmara de Comercio e Industria Brasil/Irã.