Operários da Cobrasma são retirados da fábrica, após invasão militar
O Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região celebra hoje (16) o cinquentenário da histórica greve na Cobrasma, em 1968. A mobilização foi um dos primeiros atos de resistência ao golpe que derrubou o presidente João Goulart, em 1964, instalando um regime de exceção no País – com perseguições e assassinatos.
A partir das 18h30, a entidade recebe na sede, à rua Erasmo Braga, 307, bairro Presidente Altino, lideranças de várias categorias, trabalhadores que participaram da greve, além de convidados, para lembrar o movimento que se tornou referência para o Brasil. Haverá exibição do filme “Osasco é o Exemplo: 1968”, dirigido por Luiz Mora.
João Joaquim Silva, secretário-geral do Sindicato em 1968, participou do movimento. Ele contou à Agência Sindical como estava o clima naquele momento.
“Em abril daquele ano, trabalhadores da Belgo-Mineira cruzaram os braços. Nós fomos até Contagem levar nossa solidariedade e também aprender com eles. Nos dois meses seguintes nos organizamos e preparamos a nossa mobilização. Mas o clima, claro, era de total repressão. Aqui em Osasco, então, estávamos cercados por quartéis”, lembra.
O sindicalista conta que muitos trabalhadores eram jovens. “A idade dos companheiros era entre 21 e 36 anos. Nosso presidente na época, o José Ibrahim, tinha 21 anos. Eu tinha 24. Mas foi tudo muito bem organizado. Tomamos a fábrica e permanecemos nela, até que as forças policiais invadissem o local. Foi muita truculência. Mais de 100 operários foram presos. E, por fim, fecharam o nosso Sindicato”, recorda.
Mobilização – A greve começou pouco após as 8 da manhã, ao toque do famoso apito, que deflagrou a ocupação da empresa. No mesmo dia, o movimento foi declarado ilegal e a fábrica invadida por militares, que prenderam dezenas de operários. Dois dias depois, a polícia invadiu o Sindicato da categoria. A entidade ficou sob intervenção.
“Nosso movimento deu início a uma série de paralisações que se espalhou por outras indústrias da região. Nós fomos perseguidos, teve gente que ficou presa no Dops. Mas levantamos uma bandeira importante de luta”, destaca João Joaquim.
Iniciada na Cobrasma, a mobilização contra o arrocho salarial promovido pelo governo Costa e Silva se espalhou por outras indústrias da cidade. Empresas como Lonaflex, Braseixos, Barreto Keller, Fósforos Granada também registraram paralisações.
“Tudo que aconteceu naquele dia 16 de julho de 1968 se reflete hoje. Nosso Sindicato incorporou o sentimento daquela época, ampliando os debates. Depois de 68, Osasco foi precursor de outras lutas e eu cito como exemplo Saúde e Segurança no Trabalho. A partir daquele movimento, foi construída uma nova postura do sindicalismo aqui na região”, diz Mônica Veloso, atual vice-presidente do Sindicato.
As Centrais Sindicais realizam dia 10 de agosto mais um dia nacional de luta e paralisações. Será o “Dia do Basta” ao desemprego, que terá manifestações em todo o País. O ato acontece no momento em que se desenvolvem campanhas salariais de grandes categorias, como bancários, carteiros, petroleiros e metalúrgicos.
OPINIÃO – STF e governo negam caráter público dos Sindicatos
“O Supremo Tribunal Federal decidiu, no final de junho, que a Contribuição Sindical não se configura num imposto, sendo portanto facultativo o seu recolhimento junto ao trabalhador. É mais uma tentativa de isolar as entidades e negar seu caráter público, afastando o trabalhador não associado das negociações e benefícios.”
Artur Bueno Júnior é presidente da USTL, presidente do Stial e presidente interino da CNTA.
O Vídeo da Semana, no site da Agência Sindical, traz entrevista com Murilo Pinheiro, presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo. Na peça, com cerca de dez minutos, ele destaca a importância do profissional da categoria na retomada do crescimento. “A engenharia é central em qualquer projeto de desenvolvimento”, afirma.