Na terça-feira (6), o Comando Central dos EUA informou que a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão estava completa a 90%.

Na semana passada, o general Austin S. Miller, comandante das tropas dos EUA no Afeganistão, advertiu que o país possa estar a caminho de uma guerra civil após Washington terminar de retirar suas forças.

Ex-conselheiro sênior do secretário de Defesa interino dos EUA e coronel do Exército Douglas Macgregor disse à Sputnik que a Rússia e os remanescentes da Aliança do Norte (organização político-militar criada pelo Afeganistão em 1996) provavelmente ajudarão a manter uma espécie de ordem em algumas partes do Afeganistão após os soldados afegãos perderem força na capital do país, Cabul, na sequência da saída das tropas dos EUA.

“Os remanescentes da antiga Aliança do Norte vão, sem dúvida, ressurgir com a ajuda de Moscou para preservar alguma aparência de ordem na parte ocidental do país”, disse Macgregor ao ser questionado sobre o que aconteceria se o país entrar em guerra civil.

Ele afirmou que são “fracas” as perspectivas de que o governo afegão seja capaz de permanecer no poder e evitar o colapso após a saída dos EUA.

Soldados do Afeganistão de guarda no portão da base aérea dos EUA de Bagram, no dia em que as últimas tropas norte-americanas a desocuparam, província de Parwan, Afeganistão, 2 de julho de 2021
© REUTERS / MOHAMMAD ISMAIL Soldados do Afeganistão de guarda no portão da base aérea dos EUA de Bagram, no dia em que as últimas tropas norte-americanas a desocuparam, província de Parwan, Afeganistão, 2 de julho de 2021

As nações asiáticas vizinhas vão agir para proteger seus próprios interesses e impedir que extremistas islâmicos operem a partir do Afeganistão para se espalharem incontrolavelmente por toda a região, explicou Macgregor.

“Índia cooperará com a Rússia e Irã para conter a influência dos elementos islâmicos sunitas no Afeganistão e Paquistão. China vai tentar completar sua infraestrutura de transporte através do Paquistão e partes do Afeganistão, desde que os chineses possam ser protegidos. Se não, os chineses escolherão outras rotas”, ressaltou.

Rússia cooperará com os governos da Ásia Central e com o Irã a fim de impedir que o Talibã (organização terrorista, proibida na Rússia e em vários outros países) espalhe seu poder e influência, acrescentou o militar dos EUA. Ele reconheceu que o Talibã já cruzou a fronteira com o Tajiquistão, onde a Rússia tem uma base militar.

“Moscou entende que deve trabalhar com seus vizinhos da Ásia Central e o Irã para conter ativamente o bacilo islâmico sunita bem como a produção de heroína no Afeganistão”, afirmou.

A administração Biden deve buscar trabalhar de forma construtiva com Moscou e Pequim em esforços combinados para manter a estabilidade na região, concluiu Macgregor.

Fonte: Sputnik Brasil