Mitos e verdades sobre o cigarro, vape e recomendações para quem deseja parar de fumar

O Dia Mundial Sem Tabaco é uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde comemorado em 31 de maio a cada ano. A campanha visa conscientizar sobre os perigos do tabaco e o seu impacto negativo na saúde, bem como sobre a exploração da indústria da nicotina que é dirigida sobretudo aos jovens.

“O tabagismo é um importante fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis, como problemas cardiovasculares, doenças respiratórias e, o mais grave, câncer de pulmão”, diz Carlos Gil Ferreira, oncologista torácico e presidente do Instituto Oncoclínicas. “A nicotina é altamente viciante e o uso de produtos de tabaco está associado a riscos aumentados de doenças cardíacas, derrames e vários tipos de câncer”, afirma.

Dados da OMS revelam que o uso do tabaco leva a mais de 8 milhões de mortes em todo o mundo, anualmente. Cerca de 7 milhões dessas mortes são devidas ao uso direto do tabaco, enquanto cerca de 1,2 milhão delas são de não fumantes expostos ao fumo passivo.

 

Campanha da OMS em 2022

A campanha global de 2022 para o Dia Mundial Sem Tabaco – “Tabaco: Ameaça ao nosso meio ambiente”, chama a atenção para as várias maneiras pelas quais o tabaco ameaça o meio ambiente e visa aumentar a conscientização sobre o impacto ambiental de todo o ciclo do tabaco – desde seu cultivo, produção e distribuição até os resíduos tóxicos gerados – que envenena a água, o solo, as praias e as ruas da cidade com produtos químicos, resíduos tóxicos, pontas de cigarro, incluindo microplásticos e resíduos de cigarros eletrônicos.

Com cerca de 90% de toda a produção de tabaco concentrada no mundo em desenvolvimento, o tabaco tem um impacto imensamente desigual em diferentes grupos socioeconômicos. Aproximadamente 3,5 milhões de hectares de terra são destruídos para o cultivo de tabaco a cada ano, contribuindo para o desmatamento. A carga ambiental recai sobre os países menos capazes de enfrentá-la e os lucros são obtidos por empresas transnacionais de tabaco que estão sediadas em países de renda mais alta.

 

Números da OMS relacionados ao tabaco

·         100 milhões – número estimado de pessoas mortas por fumar durante o século 20.

·         16 milhões – número de adultos nos EUA que vivem com uma doença atribuída ao tabagismo.

·         8 milhões – número de pessoas que morreram por fumar em 2017.

·         15% – porcentagem de mortes globais que são atribuídas ao tabagismo.

·         70 – idade em que mais da metade das mortes ocorrem devido ao tabagismo.

·         1 em 5 – número de adultos no mundo que fumam tabaco.

·         80% – porcentagem dos 1,3 bilhão de usuários de tabaco do mundo que vivem em países de baixa e média renda.

·         7 milhões – número de mortes entre os 1,3 bilhão de usuários de tabaco que ocorreram devido ao fumo direto.

·         1,2 milhão – número de mortes entre os 1,3 bilhão de usuários de tabaco que ocorreram devido ao tabagismo passivo.

 

Mitos e verdades sobre o tabaco

Fumar é uma escolha.

Em termos. Talvez na primeira vez, mas o vício em nicotina pode acontecer rapidamente. Segundo Carlos Gil, a maioria das pessoas que usa tabaco é viciada e quebrar esse vício pode ser mais difícil para uns do que para outros. Quando decide parar, a pessoa pode apresentar uma síndrome de abstinência com irritabilidade, ansiedade, humor deprimido, dificuldade de concentração, aumento do apetite, insônia e inquietação. Isso contribui para a dificuldade em abandonar o tabagismo. “Podem ser necessárias várias tentativas para parar. Mas o importante é não desistir e, se precisar de ajuda, não hesitar em pedir”, alerta.

 

Filtros deixam cigarros mais seguros.

Mito. Os filtros não protegem. Eles são projetados para tornar as partículas de fumaça menores, deixando a nicotina ainda mais fácil de absorver. Cigarros leves ou com baixo teor de alcatrão também podem parecer menos perigosos, mas não são. Nenhum cigarro é seguro. A fumaça do tabaco contém mais de sete mil produtos químicos e pelo menos 250 são tóxicos.

 

É tarde demais para desistir – o estrago já está feito.

Mito. É verdade que quanto mais tempo você usa tabaco, mais você machuca seu corpo. Mas em qualquer idade, quanto mais cedo você parar, mais cedo sua saúde pode melhorar. Depois de 20 minutos sem fumar, seu corpo começa a se curar. Entre 2 e 5 anos, o risco de acidente vascular cerebral é semelhante ao de um não fumante. Em 10 anos, o risco de câncer de pulmão pode ser reduzido pela metade.

 

O fumo passivo pode incomodar as pessoas, mas não é perigoso.

Mito. Dezenas de milhares de não-fumantes morrem todos os anos por respirarem o fumo de outras pessoas. Respirar os produtos químicos da fumaça do tabaco altera a química do seu sangue quase que imediatamente. “Quando se fuma no trabalho, em casa ou em um restaurante, todos ali respiram venenos. Não fume ou deixe que outros fumem perto de seus filhos. A melhor maneira de proteger as crianças é parar de fumar e não encorajar jovens a ingressarem no vício”, alerta Carlos Gil.

 

Cigarros eletrônicos são menos prejudiciais.

Mito. O cigarro eletrônico foi introduzido no comércio como sendo uma boa opção para substituir o cigarro convencional porque não queima tabaco para liberar a nicotina. Mas, embora não tenha muitas das substâncias tóxicas liberadas pela queima do tabaco, libera outras substâncias que podem ter potencial cancerígeno. O dispositivo tem um depósito onde é colocado um líquido concentrado de nicotina, que é aquecido e inalado pela pessoa. Esse líquido além da nicotina, possui ainda um produto solvente e um químico de sabor. Isso é prejudicial e estudos estão em andamento para avaliar a relação com câncer de pulmão.

 

Parar fica caro!

Mito. O SUS – Sistema Nacional de Saúde – oferece tratamento gratuito nas unidades básicas de saúde e nos hospitais. O tratamento inclui avaliação clínica, abordagem mínima ou intensiva, individual ou em grupo e, se necessário, terapia medicamentosa juntamente com a abordagem intensiva. Algumas instituições privadas também oferecem programas de cessação do tabagismo. Um exemplo é o Grupo Oncoclínicas, com o apoio do Instituto Oncoclínicas, que vem conduzindo um amplo programa para pacientes e colaboradores.

 

Sobre Dr. Carlos Gil Ferreira

 

Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1992) e doutorado em Oncologia Experimental – Free University of Amsterdam (2001). Foi pesquisador Sênior da Coordenação de Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) entre 2002 e 2015, onde exerceu as seguintes atividades: Chefe da Divisão de Pesquisa Clínica, Chefe do Programa Científico de Pesquisa Clínica, Idealizador e Pesquisador Principal do Banco Nacional de Tumores e DNA (BNT), Coordenador da Rede Nacional de Desenvolvimento de Fármacos Anticâncer (REDEFAC/SCTIE/MS) e Coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer (RNPCC/SCTIE/MS). Desde 2018 é Presidente do Instituto Oncoclínicas e Diretor Científico do Grupo Oncoclínicas. No âmbito nacional e internacional foi Membro Titular da Comissão Científica (CCVISA) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No âmbito internacional é membro do Board, Career Development and Fellowship Committee e do Bylaws Committee da International Association for the Research and Treatment of Lung Cancer (IALSC);Diretor no Brasil da International Network for Cancer Treatment and Research (INCTR); Membro do Board da Americas Health Foundation (AHF). Editor do Livro Oncologia Molecular (ganhador do Prêmio Jabuti em 2005) e Editor Geral da Série Câncer da Editora Atheneu. Já publicou mais de 120 artigos em revistas internacionais. Em 2020, recebeu o Partners in Progress Award da American Society of Clinical Oncology. Presidente eleito da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica para o período 2023-2025.