Vale do Capão – FOTO Jornal da Chapada

A população do vale está vulnerável devido ao crescimento dos casos de dengue; assim os moradores podem contrair o novo coronavírus debilitados.

Após decreto derrubar barreira sanitária promovida por voluntários do Vale do Capão, distrito de Palmeiras, na Chapada Diamantina, que impedia a entrada de trabalhadores da construção civil e de serviços não essenciais, os moradores articularam uma proposta para ser incluída em novo decreto. O projeto construído por entidades, associações e coletivos pertencentes à vila têm o intuito de diminuir impactos na saúde por infecção do novo coronavírus. No entanto, o grupo aguarda por uma resposta da prefeitura quanto à publicação desse novo documento. O Jornal da Chapada entrou em contato com moradores e voluntários, nesta segunda-feira (27), para buscar informações de como o Vale do Capão tem enfrentado a rotatividade de pessoas vindas de vários municípios após a derrubada da ‘Barreira do Capão’.

Um dos voluntários, que trabalhou na ação, mas que deseja não se identificar, aponta que “após o decreto da prefeitura suspendemos a barreira. Não fazia sentido expor 42 voluntários por semana, a um volume de gente tão grande vindo de diversos distritos do município”. Ele ainda informou que diante do problema que o estado vem enfrentado com a pandemia, ao menos 16 grupos, que pertencem ao Vale do Capão, decidiram montar um ‘Conselho de Gestão de Crise’ para a elaboração de um novo decreto.

“Nós flexibilizamos a entrada de trabalhadores, desde que eles assumam certos compromissos, como fazer um cadastro, usar equipamentos de proteção individual (EPI’s) e não circular pelo vale, nem ter contato com moradores, nem frequentar ambientes dos comércios essenciais”, salientam os integrantes da comissão. Essa proposta foi assinada por todas as instituições do vale e entregue na semana passada, mas até o momento não houve resposta da prefeitura. Moradores também tem relatado, em redes sociais, o relaxamento da quarentena e o quanto isso tem afetado a vida de moradores nativos da região.

Os voluntários decidiram que enquanto o decreto da prefeitura estiver em vigor não atuarão na linha de frente; com isso a barreira caiu | FOTO: Montagem do JC/Divulgação |

“Está bem complicado ficar em casa de quarentena sem trabalhar, seguindo direito as regras e quando saio está cheio de pessoas que nunca vi. Para todos os lados que olho entrando em contato com o pessoal do mercado. O decreto novo já foi entregue ao prefeito tem uma semana, assinado com 15 grupos coletivos do Capão diferentes e até agora nada do prefeito nos responder. Cadê você, Ricardo? está esperando o quê? Se não vai assinar, tome outras medidas. Coloque um guarda na vila, parando as pessoas e pedindo documentos, fale com o Ibama para ficar na entrada do riacho de Lençóis, dê uma olhada nos hosteis e pousadas para ver onde esse pessoal está”, diz uma moradora indignada em grupo de rede social.

Um decreto editado no dia 15 de abril flexibilizou a abertura e funcionamento das lanchonetes e trailers no município. Dados não oficiais informam que a prefeitura foi procurada por pastores das igrejas evangélicas para propor abertura desses espaços. “O prefeito parece disposto a ceder aos interesses políticos e comerciais que o pressionam, ao invés de proteger a população neste momento”, aponta outro morador que não quis se identificar.

População vulnerável
Segundo informações da médica que atua no Posto de Saúde do Capão, os casos de dengue têm aumentado na região. “Estamos com casos suspeitos e em acompanhamento e isso deixa a população vulnerável [ao Covid-19]. E, realmente, a gente precisa se proteger porque a condição de saúde geral do vale já não está muito boa”, informa a médica. Em contato com o prefeito Ricardo Guimarães (PSD), ele informou ao Jornal da Chapada que uma reunião será realizada nesta quarta-feira (29) para tratar sobre o tema, a partir disso tratará do assunto.

Jornal da Chapada