Por Redação – Foto Reprodução

A escritora de Guadalupe Maryse Condé, grande voz da literatura francófona morreu na madrugada desta terça-feira (2), segundo informou seu marido à AFP.

A causa da morte ainda não foi revelada, mas a escritora já havia passado por um acidente vascular cerebral e tinha uma doença neurológica que a fez a escrever o seu último romance, “O Evangelho do Novo Mundo“.

Nascida em Pointe-à-Pitre em fevereiro de 1934, Maryse Condé mostrou em seus 30 livros temas como a África, a escravidão, o colonialismo, a diáspora e as múltiplas identidades negras. Foi Vencedora do New Academy Prize de 2018 e seu nome foi cotado diversas vezes para o Prêmio Nobel de Literatura pela repercussão e perenidade de livros como “Eu, Tituba: Bruxa Negra de Salem“, “O Coração que Chora e que Ri” e “O Evangelho do Novo Mundo“, publicados no Brasil pelas editoras Bazar do Tempo e Rosa dos Tempos.

Também era muito conhecida nos Estados Unidos, onde viveu por mais de 20 anos. Em Nova York, inaugurou e dirigiu um centro de estudos francófonos na Universidade de Columbia.

“Sempre trabalhei com ela em diferentes editoras e admirava profundamente sua influência, sua coragem. Inspirou muitos escritores a iniciar uma carreira”, Disse seu editor, Laurent Laffont, à AFP.

Sua mãe, professora, a proibiu de falar crioulo e a obrigou a aprender francês. Somente aos 16 anos, quando chegou a Paris, que se deu conta da barreira que sua cor de pele lhe atribuía.

“Quando vim estudar na França descobri os preconceitos das pessoas. As pessoas acreditavam que eu era inferior só porque era negro. Tive que provar a elas que era talentosa e mostrar a todos que a cor da minha pele não importava —o que importa está no seu cérebro e no seu coração”, disse a escritora em entrevista ao jornal The Guardian.

Começou a escrever aos 42 anos, após anos de dificuldades, e conseguiu graças a Richard Philcox, seu marido, que se tornou seu tradutor.

Em 1976, estreou com “Heremakhonon“, onde apresentou as misérias da vida em Guiné, que causou polêmica e chegou a ser retirado de circulação pela intensidade de suas críticas; depois “Segu“, editado em dois volumes em 1984 e 1985 — sendo sucesso de vendas sobre o império bambara no século 19 no Mali, pois reflete sobre o caráter destrutivo do colonialismo.

Além dos romances, foi dramaturga, autora de literatura infantil e ensaísta, com maior  destaque para as reflexões de “Victoire, les Saveurs et les Mots“, ou “Os Sabores e as Palavras“, de 2006, sobre a culinária e sua avó.

 

Fonte: Folha de S. Paulo