No Brasil, 57.341 pessoas foram mortas violentamente, de forma intencional, durante o ano de 2018. O dado, divulgado hoje pelo anuário do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), é 10,4% menor do que o registrado no ano de 2017, quando 64.021 pessoas foram assassinadas em território nacional. Com a queda, o Brasil interrompeu uma alta que vinha ocorrendo desde 2015. A reportagem entrevistou especialistas em segurança pública que disseram ser prematuro apontar os motivos reais da redução. Renato Sérgio de Lima, presidente do FBSP, diz que a queda é uma boa notícia, mas que, na prática, o Brasil retomou o patamar de mortes registrado em 2014, “que já era alto”.

“Não podemos nos acomodar. Pouco sabemos sobre as origens e razões desse movimento mais recente. Há explicações locais, mas nenhum fator nacional que explique [a redução]. O que existe são fatores socioeconômicos e demográficos que estamos avaliando, mas sem nada fechado ainda”, afirma. Considerando a proporção entre o número de mortes e o tamanho da população, a queda registrada no Brasil é ainda um pouco maior. Em 2017, a taxa era de 30,8 casos para cada 100 mil habitantes. Em 2018, esse número foi para 27,5, uma redução de 10,8%.

A queda nessa taxa ocorreu principalmente nos números de mortes violentas registrados em todos os estados do Nordeste, do Centro-Oeste, do Sudeste e do Sul. Os únicos estados em que a taxa de mortes subiu foram Amapá, Pará, Tocantins e Roraima, todos na região Norte. Ceará, Acre e Pernambuco, que puxaram a lista de estados mais violentos em 2017, reduziram em 10,7%, 25,1% e 23,3%, respectivamente, o número de mortes neste ano.

Apesar de o número de mortes ter caído no ano passado, a quantidade de pessoas mortas por policiais cresceu 20% e chegou a 6.220. Para Lima, porém, não há relação entres os fatos. “Uma informação muito importante: os locais em que os homicídios mais caíram não são os locais onde as polícias mais mataram. Então, não existe essa correlação. Polícia matando não melhora os índices de segurança”, afirma.

Da Redação *Com UOL – Imagem: Reprodução