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Sputnik – Os EUA podem acabar com um calote se o governo Biden não conseguir que seus rivais republicanos no Congresso concordem em aumentar o teto da dívida do país o mais rápido possível.
Nesta terça-feira (16), o presidente dos EUA, Joe Biden, realizará uma nova rodada de negociações com líderes do Congresso ainda nesta terça-feira para discutir o impasse do teto da dívida, anunciou a Casa Branca.
As negociações presenciais esta tarde e contarão com a presença do presidente da Câmara, Kevin McCarthy, do líder da minoria no Senado, Mitch McConnell, do líder da minoria democrata na Câmara, Hakim Jeffreys, e do democrata no Senado e líder da maioria, Chuck Schumer.
Segundo o advogado e cofundador da Pro-Chain Capital, David Tawil, os investidores vão prender a respiração até que os negociadores de hoje (16) “saiam e digam uniformemente que temos um acordo”.
“E mesmo assim, eles têm que pagar por isso e assim por diante. Eu acho que, em termos de como os investidores pensam sobre isso, o risco de queda é incrivelmente […] louco. Mas se entrarmos em default, uma calamidade é incalculável. É só o medo e o pânico […]. Infelizmente, as ramificações ou a reação instantânea nos mercados serão tão grandes que o efeito dominó será quase [inevitável] – não seremos capazes de nos recuperar disso. Esta será uma mudança permanente na posição dos Estados Unidos, sua credibilidade e o dólar americano, para todo o sempre”, disse Tawil em entrevista à Sputnik.
O advogado foi parcialmente repetido por Linwood Tauheed, professor associado de economia da Universidade de Missouri-Kansas City, que alertou sobre uma recessão residencial no setor imobiliário nos EUA se o país deixar de pagar sua dívida.
Para Tauheed, o cenário serve “como resultado dos aumentos de juros do Federal Reserve, [também] empurrando toda a economia [americana] para a recessão”, acrescentando que “uma das coisas que esta recessão no setor imobiliário fará é tornar os grandes bancos maiores”, uma vez que “eles oferecem menos opções bancárias para pessoas comuns”.
Yellen reitera aviso de impasse sobre o teto da dívida
Nesse contexto, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, reiterou sua advertência de que, se o Congresso não agir, Washington pode deixar de cumprir suas obrigações de dívida já no início do próximo mês.
Em uma carta enviada ao presidente da Câmara, Kevin McCarthy, na segunda-feira (15), Yellen disse que “com informações adicionais agora disponíveis, estou escrevendo para observar que ainda estimamos que o Tesouro provavelmente não será mais capaz de satisfazer todas as obrigações do governo se o Congresso não agir para aumentar ou suspender o limite da dívida no início de junho, potencialmente, já em 1º de junho”.
Ao mesmo tempo, a secretária afirmou que a data real pode ser alguns dias ou semanas depois, dependendo da quantidade de receita que o governo federal arrecadar e quanto terá de pagar nas próximas semanas.
Investidores instados a comprar títulos do Tesouro dos EUA em meio à crise de limite de dívida
As declarações do secretário do Tesouro foram feitas quando Alex Wolf, chefe de estratégia de investimento na Ásia do JPMorgan Private Bank, disse a uma agência de notícias dos EUA que, com a expectativa de que as negociações do teto da dívida americana cheguem ao fim, os investidores devem evitar ações e, em vez disso, comprar títulos do tesouro.
“Pode-se dizer que o tempo está se esgotando para eles. Não restam muitos dias para as negociações”, disse Wolf, em um aparente aceno aos acontecimentos no final da semana passada, quando o governo Biden e a Câmara dos Representantes liderada pelos republicanos mantiveram diálogos no fim de semana sobre a elevação do limite de empréstimos de US$ 31,4 trilhões (R$ 154 trilhões).
Wolf insistiu que o melhor cenário até agora é “algum tipo de acordo para adiá-lo para que as negociações continuem, talvez um mês, talvez dois meses – mas provavelmente cairá”.
“Dado que esperamos uma volatilidade contínua, estamos recomendando a cobertura de quedas de uma perspectiva de ações, especialmente considerando que temos avaliações muito caras em ações este ano em um cenário de aumentos de taxas e inflação. Houve mais um aumento do que se esperava, dado os riscos de uma recessão”, disse Wolf.