Por Beto Almeida, jornalista

 

Os terroristas que assassinaram o pai do programa nuclear iraniano, Dr Mohsen Fajriszade, só podem estar a serviço dos grandes inimigos do Irã na região, que, todos sabem, são Israel e os EUA, ambos ocupantes ilegais de vastas regiões do Oriente Médio, com o uso criminoso da força bruta, mas, encontrando, a cada ano, uma maior resistência dos povos da região.

Até hoje, Israel não se recuperou da derrota na guerra do Líbano, em 2005, quando foi enxotado do território libanês pela Resistência Nacional do país, levando os estrategistas militares do sionismo a uma polêmica interna, incluindo o posicionamento público de inúmeros especialistas e ex-comandantes, a avaliar que, numa nova guerra o regime ilegal do sionismo poderá sofrer uma derrota ainda maior.

O assassinato de Fajriszade, como antes o assassinato de outros cientistas nucleares iranianos,  bem como o assassinato brutal do General Suleimani, indicam reações desesperadas do sionismo, e também de seu amo, os EUA, ante a impossibilidade de impedir que o Irã desempenhe o papel cada vez mais decisivo que está exercendo em toda a região. A Arábia Saudita não consegue dobrar a valente resistência anti imperialista dos patriotas do Yêmen, que contam com o apoio iraniano. Da mesma forma, a grande nação síria vai retomando, aos poucos, o controle de territórios que havia perdido para terroristas e mercenários sustentados por EUA, Israel e a Arábia Saudita. E nesta retomada, a Síria conta com o apoio do Irã, da Rússia e também a Resistência Libanesa, solidários ao governo do presidente Bashar al Assad.

Com todas as sabotagens que tem sofrido, as agressões lançadas pelos EUA e Israel, o Irã não paralisa seu programa nuclear, seu progresso científico e tecnológico, lançando naves tripuladas ao espaço sideral, e, mesmo sendo alvo de injustas sanções por parte de vários países imperialistas, a Nação Persa ainda tem energia para manter sua relação solidária à Revolução Bolivariana e retomar o fornecimento de petróleo para a China. Além disso, há importantes acordos selados entre Irã, Rússia e China, nos quais se dispensa a presença da moeda dólar, o que representa duro golpe para os EUA.

Certamente, os ataques terroristas, sua frequência cada vez maior, seus alvos cada vez mais elevados na estrutura interna iraniana, são indicadores de uma preparação de agressões ainda mais graves, já que EUA, Israel e Arábia concluem que não têm conseguido intimidar nem paralisar a Revolução Iraniana. Jamais os imperialistas calculavam que a Revolução Iraniana chegaria a 41 anos, acumulando tantas conquistas econômicas, científicas, tecnológicas, sociais e culturais. Se veem perplexos e desnorteados frente a realidade de ter que enfrentar um país cada dia mais capaz de defender-se, e cada dia mais protagonista perante o cenário mundial.

Esta situação aguda e desafiadora, possivelmente conduzirá a uma coordenação cada vez mais expandida entre os países que, com legitimidade, preservam sua soberania e seu direito a seguir o próprio caminho de desenvolvimento. São eles, além do Irã, a Rússia, a China, a Venezuela, Cuba, Coréia do Norte e Nicarágua, que, ante a agressividade crescente do império, provavelmente, buscarão ampliar os laços de solidariedade entre si, em todas esferas de ação.

Lamentavelmente, o Brasil, não contando com um governo capaz projetar a importância que o país tem no cenário mundial, de modo soberano e independente, não figura, no momento, entre os países que poderiam contribuir para a criação de um mundo multipolar, no qual seja rigorosamente respeitada a autodeterminação dos povos e a legalidade internacional, hoje pisoteadas pelos EUA e Israel. Uma simples comparação entre os avanços econômicos, tecnológicos, energéticos, militares do Irã e os retrocessos econômicos, políticos, paralisia tecnológica e desnacionalização de suas riquezas no Brasil, contribui para contribui para as funções opostas que os dois países cumprem na política internacional Apesar das identidades objetivas e do potencial de cooperação mútua que possuem, atualmente desperdiçadas. Por isso mesmo,  as razões da Revolução Iraniana é um tema que deve estar presente, obrigatoriamente,  na agenda política das forças progressistas no Brasil hoje.