ASSANHOS BETUMINOSOS

Zedejesusbarreto

 

Xingamos o Brasil.

Mas um país é seu povo.

Identidades, dessemelhanças, fazeres…

O que fizemos, fazemos e faremos desta Nação?

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  S O S  !  Help, Socorro !

O misterioso óleo (betume, petróleo, o que seja), feito uma venenosa lama preta, está invadindo há mais de mês toda a costa nordestina, do Maranhão até a Bahia (por enquanto), sujando as praias, impregnando-se nas pedras, tomando as locas, atingindo os corais, penetrando as enseadas, contaminando a vida marinha, matando aves, tartarugas, crustáceos, prejudicando a pesca, o turismo, envenenando as águas …

Mais um desastre ambiental de proporções gigantescas e com consequências incalculáveis. Lembram do Rio Doce, de Brumadinho nas Minas Gerais?

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Perguntas entaladas: Acidente, vazamento, operação mal feita ou ‘filadaputice’ mesmo ?  Quem está derramando essa zorra, onde, quanto, até quando e por quê?  Qual o motivo de mais essa desgraça?

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Por enquanto se diz apenas que o tal óleo teria DNA, origem em poços venezuelanos. Mas isso pouco ou nada significa, já que a nossa vizinha do norte, a combalida Venezuela, é um dos maiores produtores de petróleo do planeta e pelas nossas águas passam todos os dias dezenas de navios petroleiros de várias nacionalidades carregando petróleo de lá.

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  Politicalha

A desgraceira com a Mãe Natureza tornou-se mais um motivo de sujeira e acusações dos políticos de plantão, os engravatados garganteiros. Cobranças, ameaças, xingamentos pra lá e pra cá … Ideologizaram a tragédia, cada um querendo tirar proveito político da catástrofe. Governadores, prefeitos, ministros, ‘otoridades’…

Patéticos !

E os marqueteiros militantes da direita e da esquerda logo viram a chance criar e espalhar narrativas estúpidas, gerando ainda mais caos, emprenhando as mentes vazias:

– Ah, sendo o óleo venezuelano … só pode ser coisa de Maduro com essa gente do petê, boicotando o governo.

– Ah, Isso deve ser coisa desse governo de direita para prejudicar o Nordeste.

Ridículos !

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Primarismos

Além da óbvia providência de retirar com pás e ancinhos as placas e bolotas pesadas, visguentas, medonhas e de todos os tamanhos que chegam na areia e pedras das orlas, nas marés enchentes, nada mais. Providências tímidas, diga-se, de governos, órgãos ambientais, prefeituras e até de obstinados voluntários, na mão grande.

Outras indagações:

– Não há mecanismos, alguma tecnologia desenvolvida para sugar, juntar, aparar, retirar essas manhas assombrosas de óleo? Teria como reaproveitar de alguma forma as toneladas desse combustível, fonte de energia? Nem nas nossas universidades, empresas/Petrobrás, nem no resto do planeta? Nada?

Só falta tocar, pegar fogo no mar.

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´Vai virar notícia

Será que vamos deixar que essa desgraceira chegue a Porto Seguro, a Abrolhos ?  Será que teremos ações e providências de governo só quando a betumeira assassina chegar aos mares do sul, as praias do Espírito Santo, a Baía da Guanabara, o porto de Santos ?

Aí então a tragédia ganhará dimensão nacional, chegará às manchetes do noticiário, terá o devido espaço na mídia.  É isso?

Ou essa tragédia ambiental não tem mesmo importância jornalística nenhuma. Só há espaço para os tititis, os mimimis, os bate-bocas e xingamentos de ponta de beco, de zona de baixo meretrício que acontecem nos gabinetes e palácios e tribunais e congresso e microfones de Brasília.  Que tempos !

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   Rabeira do mundo

No mais, quanto atraso !  Nossas águas /fronteiras oceânicas estão à mercê, sem fiscalização, sem controle, sem Marinha, sem radares, sem satélites… nada.  Ninguém sabe, ninguém viu, e jamais chegaremos aos responsáveis por essa tragédia, esse crime. Estamos perdidos, atarantados.

Pior, as correntes marinhas continuam trazendo placas e placas imensas de óleo para o litoral, já chegando ao Sul da Bahia. Ou seja, o ‘vazamento’ ou a ‘derrama’ continua. De onde, quem, até quando, por quê?

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Só apelando pra Irmã Dulce, pondo a Santa Dulce dos Pobres na causa. Quem sabe?

Ou Santo Antônio, são Judas Tadeu, São Longuinho …

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O Brasil quer, precisa saber.  Não é possível não saber o que está, de fato, acontecendo. E o que fazer, quais as sequelas desse desastre.

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No mais, o mar é o grande útero do planeta. O Mar é lugar sagrado.

Iemanjá não merece isso!

Odoiá !

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Zedejesusbarretojornalista nas horas vagas e escrevinhador por fado.