por M. K. Bhadrakumar [*]
A investigação quanto à génese do Covid-19 está a transformar-se numa narrativa épica. Graças às insinuações do presidente Donald Trump – “vírus da China”, “vírus de Wuhan”, etc – que eram explosivas no seu conteúdo político e estratégico, Pequim está agora mais determinada do que nunca a chegar ao fundo desta estória. Isso é bom, porque agora que Pequim foi atingida em carne viva e está espicaçada esta estória mais cedo ou mais tarde surgirá no domínio público. Num movimento incomum, no último fim-de-semana o enviado da China a Moscovo, Zhang Hanhui, destacou que toda a narrativa sobre o Covid-19 está apenas a começar a desdobrar-se e que haverá surpresas para a comunidade mundial. É inconcebível que o Embaixador Zhang falasse sem o conhecimento de Pequim. Significativamente, o enviado chinês escolheu a agência de notícias do estado russo, a Tass , para fazer algumas espantosas revelações. De acordo com o embaixador,
“Isto sugere que o espécime H1 foi trazido para o mercado de marisco por alguma pessoa infectada, a qual propagou a epidemia. A sequência genética não pode mentir”. (Embaixador Zhang) Basta dizer que a fonte original da propagação do Covid-19 ainda não foi rastreada e que o rastro pode levar a qualquer direcção. A partir de agora, embora o Covid-19 tenha sido descoberto pela primeira vez em Wuhan, a sua origem exacta ainda não está determinada. Enquanto isso, há sinais de difamação. Assim, o Embaixador Zhang recapitulou: 1. Um casal de japoneses contraiu o Covid-19 enquanto estava no Havai (onde está localizada a base estado-unidense do Pacífico) em algum momento entre 28 de Janeiro e 3 de Fevereiro, embora eles não tivessem visitado a China ou tivessem estado em contacto com qualquer chinês. Nomeadamente, o marido teve sintomas em 3 de Fevereiro. Contudo, a ciência e a tecnologia contemporâneas estão bem equipadas para rastrear o trilho do Covid-19 e é absolutamente certo que “mais cedo ou mais tarde, chegará o dia em que tudo o que tem sido ocultado será revelado”. (Embaixador Zhang) É interessante que, desde o aparecimento da entrevista do Embaixador Zhang à Tass, o presidente Trump tem calibrado sua alegação prévia de cumplicidade chinesa e de intenções de má fé. Considerando que enfaticamente Trump ameaçou Pequim com represália, desde então ele tem moderado sua posição e no sábado disse na Casa Branca numa entrevista a um media:
Trump já não alega mais culpabilidade da parte da China. Também deixou de ser um caso aberto e fechado. Presumivelmente, agora é negociável. O Trump falou apenas dois dias depois de aparecer a entrevista do Embaixador Zhang. Claramente, o diplomata chinês deu a entender que o rastro do Covid-19 pode e será cientificamente detectado. Trump terá um problema sério se se revelar que a avó, o avô e o bisavô do Covid-19 estão realmente domiciliados nos EUA. 21/Abril/2020
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