Em poucos lugares do mundo a cena de se encontrar um cadáver amarrado e espancado na escada de acesso a praia seria possível de acontecer

A morte do congolês Moise Kabamgabe covardemente amarrado e espancado até a morte na praia da barra da tijuca, zona nobre da cidade inaugura mais um capítulo desta interminável história sangrenta que é a segurança publica no Rio de janeiro.

Em poucos lugares do mundo a cena de se encontrar um cadáver amarrado e espancado na escada de acesso a praia seria possível de acontecer, talvez na República Democrática do Congo, país em eterna guerrilha (e que eu tive a oportunidade de visitar algumas vezes!) isso fosse uma probabilidade, e foi para fugir desta probabilidade que o inocente Moise resolveu se refugiar no brasil.

Infelizmente ao escolher o Rio de janeiro como seu último e fantasioso destino de vida, ele não pode ter acesso aos dados estatísticos e informações da segurança publica, e esses dados mostram que mais de 70% do território da cidade “quase maravilhosa” hoje é dominado por milicianos e traficantes.

Mas não pensem os desavisados que esses milicianos se limitam apenas as áreas que dominam, pois hoje grande parte dos quiosques das praias da barra da tijuca e recreio dos bandeirantes, já são explorados por esses milicianos que expandem os seus tentáculos criminosos através desses comércios passando uma falsa aparência de legalidade.

E ao amarrar e espancar covardemente uma pessoa eles apenas e tão somente reproduzem o modus operandi praticado nas áreas dominadas por traficantes e milicianos, trazendo para o asfalto e para a cara da sociedade o que era feito as escondidas nas miseráveis comunidades da cidade.

E como não poderia deixar de ser mais uma vez se vê o envolvimento do crime organizado com o poder publico, pois esses quiosques são concessões da prefeitura, e é muito normal durante uma simples caminhada pelo calçadão se deparar com viaturas da polícia militar estacionadas despretensiosamente a frente desses estabelecimentos, causando inclusive transtornos ao trânsito.

Mesmo acreditando naquele velho ditado que “O Rio de janeiro não é para amadores” o que se espera é que a morte deste simples homem que deveria ter sido amparado e protegido pelo país que ele escolheu para viver, possa servir de exemplo e início de uma ofensiva contra essas organizações criminosas, que agora demostram a crueldade e o terror fora das comunidades em que reinam impunemente.

Porém se nada for feito, a cidade do Rio estará fadada a se tornar domínio do crime organizado, onde os cidadãos de maior poder aquisitivo ficarão presos em seus luxuosos condomínios e o povo sem opção subordinado ao julgo das milícias e do crime organizado, e que no futuro certamente também irão se expandir para outros estados e cidades, como uma grande e bem-sucedida franquia do crime.

Prof. José Ricardo Bandeira

É Perito em Criminalística e Psicanálise Forense, Comentarista e Especialista em Segurança Pública, com mais de 1.000 participações para os maiores veículos de comunicação do Brasil e do Exterior. Presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, Presidente do Conselho Nacional de Peritos Judiciais da República Federativa do Brasil, membro ativo da International Police Association e Presidente da Comissão de Segurança Pública da Associação Nacional de Imprensa.