Por Redação – Foto Netflix/Reprodução

Em um ambiente que desconhecido pela internet, membros da elite se engajavam em manobras astutas uns contra os outros, tal como retratado em Ligações Perigosas (1782), uma novela clássica de Choderlos de Laclos, que foi incorporada pela cultura pop moderna em adaptações como “Segundas Intenções” (1999), dirigido por Roger Kumble, e o mais recente “Justiceiras” (2022), produzido por Jennifer Kaytin Robinson.

Embora esses dramas de corte sejam distantes para o século atual, Bille August tem a habilidade única de superar essa barreira, o tornando tão atual quanto. “Ehrengard: A Ninfa do Lago” representa mais um capítulo da extensa série do diretor, em colaboração com seu filho, o roteirista Anders Frithiof August, explorando com sutileza e perspicácia da literatura dinamarquesa.

Nesta narrativa, um aristocrata precisa explorar habilidades únicas em uma profissão bastante peculiar, com o enredo saltando das páginas de Karen Blixen (1885-1962) para ser reproduzida através do movimento e das cores que são a especialidade do diretor. A adaptação de “Ehrengard” (1962), um dos últimos textos da autora, cumpre exatamente com o que se espera de um filme sobre amores infelizes, destinos traídos, ressentimentos e amores ilusórios.

Cazotte, interpretado por Mikkel Boe Følsgaard, mostra refinada recusa aos avanços da grã-duquesa, interpretada por Sidse Babett Knudsen, em uma sequência que estabelece o tom para o resto da trama. A aristocrata percebe a polidez na recusa dele, especialmente considerando a grande diferença de seu status social. Ela acredita que Cazotte pode ser a solução ideal para o problema que atormenta a realeza de Bebenhausen, um reino fictício criado por Blixen: seu filho, o príncipe Lothar, interpretado por Emil Aron Dorph, já que precisa gerar um herdeiro para a dinastia ou permitir que seu cunhado, interpretado por Jacob Lohmann, assuma o poder. Apesar de considerar a oferta, Cazotte se apaixona por Ehrengard, a dama de honra, o que ameaça seus planos e coloca sua vida em risco.

A presença intermitente, mas pontual, de Alice Bier Zanden como a jovem inocente oferece o contraste necessário em uma narrativa inclinada à decadência. Esse enredo é confirmado quando Cazotte em Roma aprimorando suas habilidades, já considerado um homem nórdico sedutor que não deixa de conquistar mulheres experientes, assegura a continuidade da nobreza europeia.

Fonte: Bula Revista