A nova onda da variante Ômicron, que atinge o mundo neste momento, chega em meio a um cenário recheado por profissionais, principalmente, os da linha de frente, esgotados, cansados, fragilizados e, até de certa forma, desanimados com os rumos da doença, uma vez que mal saímos de uma onda dramática e já entramos em outra. Mas não só estes estão exauridos física e mentalmente, a humanidade inteira está.

Fato é que, a pandemia do coronavírus provocou até mesmo alterações significativas no CID – Classificação Internacional de Doenças. Atualizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) o CID 11 entrou em vigor em Janeiro/22.

Consta agora em suas novas especificações, doenças como: Distúrbios de games, Estresse pós-traumático, Saúde sexual, alterações do Transtorno do Espectro Autista e a Síndrome de Burnout (como um fenômeno ocupacional).

Ou seja, novos olhares para as dores físicas ou mentais que acometem o ser humano em um momento tão difícil.

Essa sensação de perda de esperança na volta da normalidade, acaba gerando muitas cobranças exacerbadas e situações inusitadas motivadas por uma pandemia e uma aceleração da vida, onde prezar por uma boa saúde mental é imprescindível em qualquer circunstância, principalmente nos ambientes corporativos.

Fica claro que, a sucessão de mutações do vírus e de novas ondas de Covid-19 faz com que a sensação de despreparo frente a doença continue elevada, reduzindo a expectativa de dias melhores e de controle da situação.

Não podemos negar os impactos na saúde que os profissionais sofrem para darem conta de suas múltiplas tarefas nos tempos atuais.

No entanto, a linha tênue da inteligência emocional está em entender que comprometer-se e se engajar corporativamente é muito diferente de se encharcar de afazeres, se matar de trabalhar e no fim, perder a saúde e o equilíbrio, gerando e desenvolvendo transtornos e neuroses psicológicas severas.

Dados estatísticos mostram que somos o país mais ansioso do mundo e o mais depressivo da América Latina. Além da depressão e da ansiedade, somam-se outros transtornos entre a população ativa laboral, como a Síndrome de Burnout, o transtorno de personalidade e o déficit de atenção.

No caso da Síndrome de Burnout, que assola principalmente os profissionais da saúde, é um tipo de distúrbio emocional que potencializa sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante. É o esgotamento físico e mental, provocado por condições de trabalho aceleradas.

A principal causa da doença é o trabalho em excesso e está mais ligada a profissões que estão sob constante pressão e muitas responsabilidades. Além disso, possui sintomas físicos e psicológicos. O nervosismo constante, a falta de vontade de levantar ou fazer atividades cotidianas podem ser sinais do início da doença.

Seus principais sintomas, são: cansaço excessivo, físico e mental; dor de cabeça frequente; alterações no apetite; Insônia; síncopes e quedas da própria altura; desânimos; dificuldades de concentração, sentimentos de fracasso e insegurança; negatividade constante; sentimentos de derrota, desesperança e incompetência; alterações repentinas de humor; isolamento; fadiga, pressão alta, dores musculares, problemas gastrointestinais; alteração nos batimentos cardíacos, entre outros…

No entanto, várias são as formas de se prevenir esses sintomas depressivos ou de Burnout.

O mais importante é refletir sobre como está sua vida. Está acelerada demais? Tem tido tempo para cuidar de você, cuidar de sua saúde física e mental? Tem feito pequenas pausas para relaxar e equilibrar a pressão cotidiana? Independente de suas respostas, existem formas de prevenção para que se encontre um equilíbrio de suas atividades, bem como uma adequação de seu momento de forma a privilegiar sua saúde como um todo.

São elas:

Tente encontrar maneiras para reduzir o estresse e a pressão na rotina profissional;

Pratique atividades físicas, de lazer e fazer programas que não sejam da sua rotina;

Converse com pessoas de confiança sobre seus sentimentos e se afaste daquelas que reclamam de tudo, principalmente no trabalho;

Organize seu tempo para descansar e tente dormir pelo menos oito horas por noite;

Evite o uso de álcool e outras drogas e nunca se automedique;

Aprenda a desacelerar para que não cometa o grave erro de carregar o mundo nas costas.

É preciso desmistificar a saúde mental e valorizar a inteligência emocional. Trabalhar a qualidade de vida e a saúde individualizada para um alto rendimento profissional é importante em qualquer ocupação.

As doenças mentais e psicológicas devem ser acolhidas e tratadas em busca de uma melhor performance mental e cerebral. Até porque, podemos ser muito mais eficientes se começarmos a entender e saber lidar com nossas emoções, elevando a autoconsciência, gerenciando humor, manejando os relacionamentos e promovendo a automotivação e a empatia.

Enfim, fique atento aos sinais de seu corpo e de sua mente. Se já identificou que a depressão e alguns sintomas geram essa desestabilização emocional em sua vida, previna-se e mude seus hábitos. Reflita sobre o porquê desse excesso.

Afinal, se todo excesso esconde uma falta, será que mergulhar de cabeça no trabalho, extrapolando seus limites do corpo e da mente, pode não ser uma fuga? Uma forma de fugir da sua própria realidade? Não se engane, lembre-se que: as emoções impactam diretamente na performance e na produtividade do ser humano.

O estresse, a depressão e a desmotivação impedem o indivíduo de ser produtivo e criativo, limitando sua atuação e comprometendo seus relacionamentos.

Saber gerenciar esses sentimentos e emoções irá potencializar força e habilidade para a realização dos desejos e das tomadas de decisões mais assertivas. Já que, a canalização emocional com sabedoria, propiciará uma análise consciente dos aspectos desafiantes aos quais somos confrontados diariamente.

Afinal, a mente humana é, sem dúvida, a parte do corpo mais exigida ao longo de uma jornada de trabalho, independente da função desempenhada pelo indivíduo. A capacidade de produção está diretamente ligada ao foco, a motivação, a concentração e ao comprometimento com os resultados, que só serão possíveis através do equilíbrio físico e mental.

Dra. Andréa Ladislau é psicanalista.

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Possui especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.