Por Redação – Foto Divulgação

O secretário de cultura de Salvador, Pedro Tourinho, criticou nas redes sociais, nesta terça-feira (17), a substituição de referências oriundas das religiões de matriz africana, em músicas da Axé Music, por outras de diferentes crenças.

Sem citar qualquer cantor ou cantora, Tourinho apontou a ação como um ato de racismo.

“Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua repercussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo, e é surreal e explícito reforço do que houve de errado naquele tempo”, escreveu o secretário.

Entretanto, em vídeos que viralizaram na internet, a cantora baiana Cláudia Leite aparece trocando o trecho “Saudando a rainha Iemanjá” por “Eu canto meu Rei Yeshua” (Jesus em hebraico) na música de axé “Caranguejo”, em uma apresentação no último sábado (14) no Candyall Guetho Square.

Após a publicação com a crítica de Pedro Tourinho, a cantora Ivete Sangalo se manifestou em apoio as palavras do secretário. “Sim!”, comentou a cantora, seguido de emojis com aplausos.

Leia a crítica completa do secretário de Cultura e Turismo de Salvador na íntegra:

“Axé é uma palavra de origem yorubá, que tem um significado e um valor insubstituível na cultura e nos cultos de matriz africana. Deste mesmo lugar, e com essa mesma importância, vêm também os toques de percussão que sustentam, dão identidade e ritmo à chamada Axé Music.

Sempre há tempo para refletir, entender, mudar e reparar, mesmo após os 40 anos. O papel da cultura negra no axé music, o protagonismo dos cantores brancos, com os negros na composição e na ‘cozinha’, são fatos que não podem ser contornados. Não é para se fazer caça às bruxas, mas sim fazer justiça e colocar tudo no seu devido lugar.

Homenagens ao Axé Music em 2025 têm de ser também afirmativas, trazendo os tambores para frente, os compositores para o alto. Têm de remunerar também de forma equivalente todas as cores. Têm de trazer a informação da origem daquela batida, falar de Dodô tanto quanto de Osmar. Celebrar aquele momento, trazendo luz a tudo e todos.

Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua repercussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo, e é surreal e explícito reforço do que houve de errado naquele tempo”.