A Petrobras anunciou nesta terça-feira que decidiu hibernar, até o final do primeiro semestre, as fábricas de fertilizantes nitrogenados da Bahia (Fafen-BA), localizada no polo petroquímico de Camaçari, e de Sergipe (Fafen-SE), na cidade de Laranjeiras. De acordo com a petroleira, em 2017, a Fafen-BA apresentou resultado negativo de cerca de R$ 200 milhões.  A Fafen-SE apresentou resultado negativo de cerca de R$ 600 milhões no último ano.

A iniciativa faz parte do estratégia de saída integral da produção de fertilizantes, anunciada em 2016.

“A medida é parte do esforço da Petrobras para focar os investimentos em ativos que tenham menor risco e tragam mais retorno para a companhia. A hibernação consiste na parada de produção de unidade industrial, com a adoção de medidas de conservação dos equipamentos”, disse a empresa em nota.

Veja abaixo 10 projetos descontinuados pela Petrobras:

UFN 4

Em abril de 2015, o presidente da Petrobras Aldemir Bendine anunciou que o Complexo Gás-Químico Unidade de Fertilizantes Nitrogenados, projeto previsto para Linhares, Norte do Espírito Santo, não estava mais na prioridade da estatal.O anuncio foi feito durante audiência de Bendine na Comissão de Assuntos Econômicos, do Senado.

O polo de Linhares demandaria investimentos de US$ 4,3 bilhões. A ideia era produzir 763 mil toneladas de ureia por ano, 790 mil toneladas de metanol, 200 mil toneladas de ácido acético, 25 mil toneladas de ácido fórmico e 30 mil toneladas de melamina.

UFN 5

A Petrobras está tentando vender em um leilão internacional os equipamentos que foram comprados para Unidade de Fertilizantes Nitrogenados V, que seria instalada pela empresa no município de Uberaba, em Minas Gerais. As obras do projeto seriam tocadas pelo consórcio Toyo-Setal por R$ 2,1 bilhões, mas acabaram interrompidas em 2015.

UFN 3

Seis empresas manifestaram interesse na aquisição da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), que está sendo vendida pela Petrobras em seu plano de parcerias e desinvestimentos. A informação é do prefeito de Três Lagoas, Angelo Guerreiro.

A Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III) é um complexo de fertilizantes localizado no município de Três Lagoas – MS, com capacidade de produção de 761,2 mil t/ano de Amônia  e 1.223 mil t/ano (3.600 t/dia) de Ureia Granulada a partir de 2,24 MM m3/d de gás natural.

A obra da unidade, que tem 80% de seu cronograma físico cumprido, foi paralisada em 2015 quando a Petrobras rescindiu o contrato com o  consórcio UFN 3 (GDK, Sinopec Petroleum do Brasil e Galvão Engenharia) por baixa performance. De lá para cá, a obra está paralisada e saiu o setor saiu do foco estratégico da empresa.

Fafen – SE

Com prejuízo de R$ 600 milhões em 2017, a Fafen de Sergipe ocupando uma área de 1 Km², a fábrica produz amônia, uréia fertilizante, uréia pecuária, uréia industrial, ácido nítrico, hidrogênio e gás carbônico. A unidade entrou em operação em 6 de outubro de 1982 e marcou um novo ciclo do desenvolvimento no estado, com a construção da adutora do Rio São Francisco, a ampliação da rede de energia elétrica, a revitalização da ferrovia que liga Sergipe à Bahia e ainda com a instalação do Terminal Portuário Ignácio Barbosa, em Barra dos Coqueiros, a 36 quilômetros de Aracaju.

Desde 2014, a Fafen-SE conta com uma planta de produção de sulfato de amônio com capacidade para produzir até 303 mil toneladas/ano, o que equivale a 80% da importação da região Nordeste em 2014. O sulfato de amônio contém nitrogênio na composição e também é excelente fonte de enxofre, muito utilizado no cultivo de milho, cana-de-açúcar e algodão

Fafen-BA

A unidade de Camaçari iniciou suas atividades em 1971, produzindo fertilizantes nitrogenados a partir do gás natural dos campos produtores de petróleo da Bahia e de Sergipe. De acordo com a Petrobras, a unidade deu prejuízo de R$ 200 milhões.

A fábrica foi pioneira na implantação do Pólo Petroquímico – uma das razões da escolha de Camaçari foi a de que já existia ali a estrutura industrial de gasodutos, água e eletricidade. Com a incorporação da Nitrofértil à Petrobras, em 17 de dezembro de 1993, a fábrica passou a ter a denominação atual.

A fábrica produz amônia, uréia fertilizante, uréia pecuária, uréia industrial, ácido nítrico, hidrogênio, gás carbônico e Arla 32.

Usina de biodiesel de Quixadá

Em outubro de 2016, a Petrobras Biocombustível, subsidiária da Petrobras, anunicou o encerramento das atividades da Usina de Biodiesel de Quixadá, no Ceará. A empresa explicou que a decisão foi comunicada aos empregados, sindicatos, clientes e fornecedores da unidade.

“Considerando que de acordo com as projeções, não haveria uma solução para a usina em curto prazo e sem novos investimentos, o Conselho de Administração da Petrobras Biocombustível optou por encerrar a produção de biodiesel no Ceará e assim focar recursos em projetos com maior rentabilidade”, afirmou a Petrobras em nota.

 Comperj

A Petrobras anunciou em março de 2016, ainda na gestão de Aldemir Bendine, que a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) estava fora do plano de negócios da empresa. A unidade, naquele momento, entraria em operação somente em 2023. A atual administração da empresa, contudo, diz que está negociando uma parceria estratégica para a retomada do projeto.

A direção da empresa não cita nomes, mas no mercado se fala que a chinesa CNPC. A atual gestão também não dá prazo para a retomada do projeto, que está fora do atual plano de negócios da empresa, que vai até 2022.

O Comperj foi planejado pela Petrobras na gestão Paulo Roberto Costa na área de Abastecimento da empresa. O ex-diretor da petroleira foi o primeiro delator da Operação Lava Jato e entregou o pagamento de propina em diversas obras da empresa, inclusive na obra do próprio Comperj.

O projeto, lançado em 2006, estaria pronto em 12 de dezembro de 2012 e custaria US$ 6,5 bilhões. Até onde andou, o Comperj demandou cerca de US$ 30 bilhões.

UOTE

A Petrobras desistiu de ter a Unidade Offshore de Transferência e Exportação (UOTE), que seria o primeiro terminal oceânico da empresa, instalado na Bacia de Campos. Em 2012, a estatal assinou contrato com a Tanker Pacific Offshore Terminals (TPOT) para a construção de uma unidade para armazenamento e transferência de petróleo. O FSO foi construído a partir do casco de um navio-tanque já existente, com capacidade de armazenamento de 339.000 metros cúbicos.

A unidade ficou anos afretada à Petrobras, mas fora de operação. A UOTE teria capacidade para armazenar 2 milhões de barris de petróleo. A estrutura, que seria instalada a 80 km de Macaé, no norte Fluminense, contaria com o FSO, conectado a um sistema submarino e duas monobóias, permitindo operar simultaneamente com um conjunto de até três navios vindos de plataformas de produção ou recebendo petróleo para exportar.

Promef

Em outubro de 2016, a Transpetro, subsidiária da Petrobras, cancelou a construção de 17 do seu Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). O programa, que previa a construção de 46 navios, foi um dos principais programas do governo Lula para a recuperação da indústria naval e geração de emprego e renda no país

O Promef foi criado na Transpetor durante a gestão de Sergio Machado, que comandou a subsidiária da PEtrobras por mais de uma década, do governo Lula até o segundo governo Dilma Rousseff. Machado é hoje, assim como Paulo Roberto Costa, um dos delatores da Operação Lava Jato e admitiu que recebia propina nos contratos para construção de navios petroleiros da empresa.

EBN

Em maio de 2016, a Petrobras cancelou 16 contratos de afertamento de navios petroleiros que faziam parte da primeira fase do Programa Empresa Brasileira de Navegação (EBN), outro projeto comandado por Paulo Roberto Costa. Os navios deveriam ter sido entregues em 2014, mas apenas três chegaram a sair do papel e foram construídos pela Delima Navegação, construídos no Estaleiro Renave, em Niterói.