Criado pelo governo da presidenta Dilma Roussef (PT) e implantado na Bahia na gestão de Jaques Wagner, o Programa Mais Médicos (PMM) ampliou a cobertura da Atenção Básica de saúde no estado de 60 para 72%, possibilitando maior acesso da população aos serviços de saúde, principalmente nas cidades menos assistidas. Na Bahia, o PMM alcançou cerca de 5,6 milhões de pessoas que antes eram desprovidas de serviços de saúde primária. Ao longo de 8 anos, uma média anual de 1.437 médicos, brasileiros e cubanos passaram por 359 municípios baianos, ou seja, 86% do território baiano.

O programa integrava um amplo pacto de melhoria do atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) para enfrentar um problema histórico da falta de médicos no país. Com a criação do PMM, foi possível agilizar e aumentar a contratação médicos, ampliar vagas na residência médica e investir na qualificação profissional, ao mesmo tempo em que se promoveu melhorias na estrutura física das Unidades Básicas de Saúde.

“Chegaram médicos desde distritos indígenas e comunidades quilombolas à periferia das grandes cidades, como Salvador, que recebeu mais de 100 médicos para as unidades em bairros onde os médicos daqui não se interessavam em trabalhar”, afirmou o então secretário de saúde da gestão Jaques Wagner, o atual deputado federal Jorge Solla.

Além do objetivo de assegurar e ampliar atendimento médico principalmente para a população menos assistida no país, o Programa Mais Médicos promoveu uma grande mudança cultural e de humanização na prestação do atendimento. Uma pesquisa nacional comandada pela UFMG demonstrou que a opinião da população quanto à qualidade do atendimento dos médicos do PMM está acima de 95%.

“Hoje, não há um prefeito, mesmo os da direita, que queira perder um médico do Mais Médicos em suas unidades de saúde, porque esse atendimento tem sido fundamental na garantia do funcionamento da atenção básica, no primeiro cuidado que resolve o diagnóstico e tratamento de doenças crônicas, evitando o agravamento de pacientes, dando qualidade de vida, salvando vidas”, destacou o ex-secretário.

Solla lamentou, no entanto, os retrocessos na assistência de saúde à população com as gestões que sucederam a administração de Dilma Roussef no Governo Federal. “Infelizmente, desde o golpe de 2016 o que temos assistido é o total esfacelamento do Programa Mais Médicos, em atendimento a um setor que financiou o golpe e a vitória do atual presidente, as entidades médicas interessadas em reserva de mercado”, destacou.

No início de 2019, o presidente Jair Bolsonaro encerrou o programa com o pretexto de criar um novo, o que não se concretizou. “O novo programa não saiu do papel, foi um balão de ensaio. O que eles estão fazendo é matando o Mais Médicos ao não renovar contratos, nem realizar seleções para ocupar as vagas abertas pelo término dos vínculos”, criticou o ex-secretário de saúde.

A decisão do presidente, destacou Jorge Solla, teve um resultado trágico, já que estudo liderado pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (Ufba), em parceria com a Universidade de Stanford e como Imperial College de Londres, aponta que a extinção do Programa deve elevar as taxas de mortalidade prematura no Brasil em 8,6% até 2030. “São 50 mil brasileiros de baixa renda, em sua ampla maioria negros, que terão suas vidas interrompidas precocemente porque não tem acompanhamento preventivo de sua saúde em seu território”, afirmou.

Ascom PT Bahia