Por Rodrigo Casarin – Foto Reprodução
Na semana passada o Pulitzer, um dos prêmios mais importantes dos Estados Unidos, anunciou seus vencedores. A mexicana Cristina Rivera Garza levou a categoria Memórias ou Autobiografia por conta de “O Invencível Verão de Liliana”.
Dois pontos da escolha merecem a atenção. Primeiro, cai bem ao livro um prêmio que reconhece tanto o jornalismo quanto a ficção literária. “O Invencível Verão de Liliana” (e o trabalho de Cristina de forma geral, me parece) transita muito bem entre esses universos. Segundo, é mais um aplauso relevante de um mercado importante a escritores da América Latina.
A obra colecionou prêmios literários de língua espanhola antes de a sua tradução para o inglês vencer o Pulitzer. Nela, Cristina encara a morte de Liliana, sua irmã, assassinada 30 anos atrás por um antigo namorado. Feminicídio não era um termo recorrente naquele México – e naquele mundo – do início da década de 90.
No ano passado, uma outra categoria do Pulitzer foi para um latino-americano. Hernán Diaz, argentino que cresceu na Suécia e vive há muitos anos nos Estados Unidos, venceu a categoria Ficção com “Fortune”, escrito originalmente em inglês. Dá brecha para, em outra ocasião, discutirmos naturalidades da literatura. O romance saiu no Brasil pela Intrínseca como “Confiança”.
No britânico International Booker Prize, mais um prêmio de grande relevância, vira e mexe traduções para o inglês de livros de autores latinos têm pintado entre os finalistas. Neste ano, “Não é Rio”, da argentina Selva Almada, e “Torto Arado”, de Itamar Vieira Junior, seguem no pódio.
Ambos são publicados pela Todavia, casa que também edita por aqui “Exploração”, da peruana Gabriela Wiener. O romance ficou pelo caminho após aparecer na primeira lista do prêmio, mais longa, ao lado de outro escritor latino: o venezuelano Rodrigo Blanco Calderón com o seu “Simpatía”, inédito no Brasil.