Por Redação – Foto: REUTERS/Carla Carnie

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, afirmou que a descrição feita pela PF (Polícia Federal) em relação a reunião convocada e comandada pelo então presidente Jair Bolsonaro em julho de 2022, revela o arranjo de dinâmica golpista no âmbito da alta cúpula do governo.

O encontro que aconteceu no dia 5 de julho de 2022, contou com a participação dos ministros Anderson Torres, da Justiça e Segurança Pública, Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, da Defesa. Também participaram o então chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência, Mário Fernandes, o ex-ministro e futuro candidato a vice-presidente Walter Souza Braga Netto (PL).

Um vídeo da reunião foi encontrado no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro. “A descrição da reunião de 5 de julho de 2022, nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo”, afirma Moraes na ordem que autorizou a deflagração da operação policial que ocorreu nesta quinta-feira (8).

O ministro diz que todos os investigados que participaram da reunião tomaram parte no sentido em validar e compartilhar a onda de desinformação e as narrativas fraudulentas sobre as eleições e a Justiça Eleitoral, lançadas e afirmadas contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e contra ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Moraes afirma que a potencialização do processo de compartilhamento de desinformação para gerar descrédito contra o processo eleitoral brasileiro também contou com a participação de diversos outros investigados.

Em diálogos mantidos com Mauro Cid, em outubro de 2022, o militar tratou sobre identificação de fictícia fraude no primeiro turno das eleições. Os investigadores alegaram ao STF que a reunião convocada por Bolsonaro também teve como objetivo cobrar dos presentes uma conduta mais ativa na propagação ilegal de desinformação e ataques à Justiça Eleitoral.

“Promoção e a difusão, em cada uma de suas respectivas áreas, desinformações quanto à lisura do sistema de votação, utilizando a estrutura do Estado brasileiro para fins ilícitos e desgarrados do interesse público”, citam os investigadores, de acordo com o ministro.

De acordo com o ministro Alexandre de Moraes, essa narrativa construída e propagada pelos investigados “serviu como um dos elementos essenciais para manter mobilizadas as manifestações em frente às instalações militares, após a derrota eleitoral e, com isso, dar uma falsa percepção de apoio popular, pressionando integrantes das Forças Armadas a aderirem ao Golpe de Estado em andamento”.

 

Fonte CNN Brasil