DW – O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou nesta segunda-feira (26/04) ter declarado 40 funcionários de órgãos diplomáticos alemães na Rússia “persona non grata“, o que equivale ao status de expulsão.

O ministério russo informou, em comunicado, ter convocado o embaixador da Alemanha em Moscou e entregado a ele uma carta sobre a decisão. A pasta afirmou se tratar de “uma resposta simétrica” à decisão do governo alemão de expulsar 40 diplomatas russos da Alemanha em 4 de abril, um dia após as imagens de civis mortos pelas ruas da cidade ucraniana de Bucha chocarem o mundo.

A carta de protesto de Moscou dizia que as declarações feitas na ocasião pela ministra do Exterior alemã, Annalena Baerbock, também eram inaceitáveis. Baerbock havia mencionado “um número significativo de membros da embaixada russa, indesejáveis que trabalharam todos os dias aqui na Alemanha contra nossa liberdade, contra a coesão de nossa sociedade”.

O Ministério das Relações Exteriores russo disse ainda que se opôs a “insinuações” que Baerbock tinha feito sobre os acontecimentos que se desenrolaram na Ucrânia.

Uma análise da agência de notícias alemã dpa disse que o número de 40 diplomatas correspondia a cerca de um terço do corpo diplomático alemão na Rússia.

A agência de notícias RIA informou que o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que as ações hostis contra os russos não ficariam sem resposta. A agência citou o ministério dizendo que Moscou poderia confiscar bens alemães na Rússia como resposta.

Berlim diz que expulsões “não se justificam”

Baerbock condenou o anúncio da Rússia de que expulsará 40 funcionários diplomatas alemães. Ela disse que os funcionários russos expulsos da Alemanha eram espiões, e não diplomatas.

“Esperávamos o passo de hoje, mas ele não é de forma alguma justificado”, disse a Baerbock em uma declaração. Ela afirmou que os 40 diplomatas russos expulsos por Berlim “não serviram a diplomacia por um único dia”, enquanto que aqueles expulsos pela Rússia “não tinham feito nada de errado”.

Ministro russo fala em risco de Terceira Guerra Mundial

Também nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, afirmou que o conflito na Ucrânia corria o risco de se transformar em uma Terceira Guerra Mundial. Segundo ele, o risco “é real, não se pode subestimá-lo”.

Lavrov falou ainda que a entrega de armas por países do Ocidente à Ucrânia significa que a Otan está “em essência, envolvida em uma guerra contra a Rússia”, e que Moscou via essas armas como alvos legítimos de ataques.

“As instalações de armazenamento no oeste da Ucrânia têm sido alvo, mais de uma vez [de forças russas]. Como poderia ser de outra forma?”, afirmou. “A Otan, em essência, está envolvida em uma guerra com a Rússia, por meio de um intermediário, e está armando esse intermediário. Guerra significa guerra”, afirmou.

Em uma entrevista publicada na sexta-feira passada, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, fez uma forte defesa da política adotada pelo seu governo em relação ao conflito na Ucrânia e disse que sua prioridade era evitar que a Otan fosse arrastada para o conflito, o que poderia resultar numa guerra de proporções ainda maiores. “Não pode haver uma guerra nuclear”, disse o chanceler federal alemão. “Farei tudo o que puder para evitar um agravamento que possa levar a uma Terceira Guerra Mundial.”