Por Blog do Ricardo Noblat – Foto Wilson Dias/AgBrasil

Inelegibilidade à vista

Desopilar quer dizer descontrair, espairecer, relaxar, aliviar. Bolsonaro, o primeiro presidente do Brasil a não se reeleger desde que existe reeleição, está em um condomínio de luxo na Flórida, Estados Unidos, desopilando, disse seu filho Flávio, senador.

Segundo ele, a volta do pai ao Brasil “pode ser amanhã, dentro de 6 meses ou nunca”. E, aqui, o que ele disse de mais interessante: o pai “está tranquilo” e não receia que o Tribunal Superior Eleitoral o torne inelegível por causa do golpe fracassado de 8 de janeiro.

“Ele não tem nenhuma responsabilidade sobre o que aconteceu no Brasil. Se estivesse sentado na cadeira de presidente, se poderia falar que facilitou alguma coisa, mas o presidente já não era Bolsonaro.”

Flávio culpa Lula por não ter feito nada para desativar o acampamento diante do QG do Exército de onde saíram os golpistas que atacaram a Praça dos Três Poderes. E culpa também Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado e do Congresso.

À época da pandemia da Covid-19, Flávio foi contra a instalação de uma CPI para investigar eventuais falhas do governo no combate ao vírus que mataria quase 700 mil pessoas. Agora, ele defende a instalação de uma CPI para investigar a tentativa de golpe:

“Houve falha na segurança no dia 8. Acho que a CPI seria o instrumento adequado para averiguarmos falhas por ação ou omissão, porque não se pode fazer investigação seletiva. Estamos aqui prontos para assinar uma CPI ampla”.

Não lhe cobrem coerência. Mas ao negar qualquer laço de parentesco do seu pai com o golpe, Flávio quer dizer, embora não seja sua intenção, que Bolsonaro simplesmente cometeu um crime perfeito, o sonho impossível de todos os criminosos.