Por Redação – Foto Reprodução

O Clube Militar, conhecido por sua rapidez em emitir posicionamentos e atuar como porta-voz dos oficiais da ativa, optou por permanecer em silêncio diante das investigações envolvendo membros da caserna. A Polícia Federal está investigando a possível participação de integrantes das Forças Armadas em planos para um golpe de Estado.

Reservadamente, diretores do Clube Militar mencionam diversos motivos para sua decisão de permanecerem em silêncio, mesmo diante do que consideram ser arbitrariedades do STF (Supremo Tribunal Federal) contra oficiais do Exército.

Há uma variedade de razões para essa postura, que vão desde as incertezas sobre o impacto das mensagens do ex-ministro e general Walter Braga Netto contra os líderes militares até a relação familiar do presidente do Clube Militar com um ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) envolvido nas investigações.

O general Sérgio Tavares Carneiro, atual presidente do Clube Militar, é pai de Victor Carneiro, que sucedeu Alexandre Ramagem na direção da Abin. Victor foi citado pelo ex-ministro e general Augusto Heleno em um plano para inserir agentes da agência em campanhas adversárias de Jair Bolsonaro na eleição de 2022.

Sérgio é um colega de turma de Hamilton Mourão e Gonçalves Dias, formados na Academia Militar das Agulhas Negras em 1975. Heleno era um dos instrutores dos cadetes, e ele e Sérgio mantiveram uma relação que se desenvolveu ao longo de suas carreiras, apesar de pertencerem a diferentes funções militares.

“Eu já conversei ontem com o Victor [Carneiro], novo diretor-[adjunto] da Abin, e nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados estão fazendo. O problema todo disso é que se vazar qualquer coisa […], a gente se conhece nesse meio, se houver qualquer acusação de infiltração desses elementos da Abin […]”, disse Heleno durante a reunião de julho de 2022.

Bolsonaro interrompeu Heleno e solicitou que ele parasse de falar. “Ô, general, eu peço que o senhor não fale, por favor. Não continue com suas observações aqui. Vamos discutir em particular sobre o que porventura a Abin está fazendo”, afirmou.

Procurado, Sérgio Carneiro não respondeu às mensagens e desligou o telefone ao ser informado sobre o tema da reportagem.

Fonte: Folha Uol