Deutsche Welle (DW) – O Partido Socialista (PS) liderado pelo atual primeiro-ministro de Portugal, António Costa, venceu as eleições legislativas realizadas neste domingo (30/01) com ampla vantagem, obtendo 41,68% dos votos.

Isso garante à legenda a maioria absoluta na Assembleia da República, o Parlamento português, com 117 do total de 230 assentos – nove a mais do que na legislatura passada.

O líder da oposição, Rui Rio, do Partido Social Democrata (PSD, de centro-direita), recebeu 27,8% dos votos, o que resulta em 71 cadeiras no Parlamento, apontou o resultado após a apuração de   99,13% das urnas.

O ultradireitista Chega, que tinha um deputado no Parlamento, aparece como terceira força, com mais de 7,15% dos votos e 12 assentos, enquanto os antigos parceiros da esquerda tiveram resultados piores.

O Bloco de Esquerda, que era a terceira força em 2019, com quase 7% e 14 parlamentares,e caiu agora para a quinta posição, com menos de 4,46% e apenas cinco assentos.

A esquerdista Coligação Democrática Unitária (CDU), formada pelo Partido Comunista Português (PCP) e pelo Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), passou de 12 para seis assentos, tendo obtido 4,39% dos votos, e é agora a sexta maior força.

A Iniciativa Liberal (IL), que tinha um deputado, tem agora oito mandatos, com 4,98%, e é a quarta força política.

Costa promete “maioria de diálogo”

Costa prometeu uma “maioria de diálogo” durante os próximos quatro anos de mandato.

De acordo com o primeiro-ministro, “a maioria absoluta não é um poder absoluto, não é governar sozinho”. Costa enfatizou que esta maioria nasce da “vontade dos portugueses” e um dos seus objetivos é “reconciliar os portugueses com as maiorias absolutas”.

O governante classificou a vitória nas urnas como um voto de confiança e pela estabilidade do país, sendo um “cartão vermelho” dos eleitores para qualquer crise política.

Necessidade de governo estável

As eleições legislativas de Portugal, antecipadas devido à reprovação da proposta de orçamento para 2022 apresentada pelos socialistas, foram encerradas às 20h (hora local; 16h em Brasília), com o fechamento dos centros de votação nos Açores. A abstenção, de acordo com as pesquisas, seria inferior a 51%, número registrado nas eleições de 2019.

Os resultados provisórios contrastam com as pesquisas divulgadas nos últimos dias de campanha, que apontavam um empate técnico entre o PS e o PSD.

Embora haja “um certo desencanto com os socialistas”, segundo a politóloga Marina Costa Lobo, da Universidade de Lisboa, a maioria do eleitorado português crê que António Costa tenha “mais aptidões e experiência em governar” do que o líder social-democrata, Rui Rio.

Sob Costa, Portugal superou as medidas de austeridade, manteve disciplina fiscal e reduziu o desemprego aos níveis pré-pandemia. O país também apresenta o mais alto nível de imunização contra a covid-19 da Europa, com 90% de seus 10 milhões de habitantes totalmente vacinados.

Aludindo às vantagens da continuidade, os cartazes do PS traziam o slogan “Continuar a avançar”. O país necessita um governo estável, também para tirar plena vantagem do pacote de 16,6 bilhões de euros do fundo de recuperação da União Europeia, que deverá receber até 2026.