DW – Um tribunal de Justiça em Mianmarcondenou nesta quarta-feira (27/04) líder deposta Aung San Suu Kyi a mais cinco anos de prisão por supostas práticas de corrupção, em mais um dos vários processos que a política enfrenta no país.

Analistas jurídicos independentes classificaram as acusações como injustas e fabricadas. Seus apoiadores dizem que o objetivo é afastar a ex-líder de 76 anos do poder. Órgãos da imprensa local afirmam que ela deve recorrer da decisão.

A vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 1991 foi presa logo nas primeiras horas do golpe de Estado realizado em Mianmar em fevereiro de 2021.

O golpe lançou Mianmar em uma profunda crise política, social e económica, além gerar uma onda de violência, com a formação de novas milícias que intensificaram as ações de guerrilha que já existiam há décadas no país.

O julgamento de Suu Kyi foi realizado a portas fechadas, sem a presença de repórteres, e seus advogados foram impedidos de falar com a imprensa.

Ela deve permanecer em prisão domiciliar. Segundo relatos, ela estaria confinada em lugar desconhecido na capital, Naypyidaw. Sua única ligação com o mundo exterior foi as breves reuniões com seus advogados antes do julgamento

Ela já havia sido condenada a seis anos de prisão em outros processos.

As acusações contra a política incluem recebimento de propinas no valor de 600 mil dólares (em torno de 3,1 milhões de reais) além de 11,4 quilos de ouro do ex-governador de Rangun, Phyo Min Thein, que testemunhou contra ela em outubro.

Ela também foi acusada de ter se apropriado indevidamente de verbas doadas a uma fundação que presidiu e usar o dinheiro para construir uma residência, além de comprar e alugar helicópteros.

Por fim, a ex-líder ainda foi processada por suspostamente ter abusado da sua posição para arrendar terrenos. As acusações, somadas, preveem uma punição até 15 anos de prisão.

Variedade de acusações

Em dezembro, Suu Kyi foi condenada a quatro anos de prisão – reduzidos para dois anos após receber um indulto da junta militar que governa o país – por violar leis de combate à pandemia de covid-19 e por incitar a população contra a junta militar.

Ela foi também condenada em 10 de janeiro a mais quatro anos de prisão por ignorar medidas as regras contra a covid-19 em um ato eleitoral e por importar ilegalmente dispositivos de telecomunicações.

A ex-líder ainda será julgada por uma suposta violação da Lei dos Segredos Oficiais, punível com até 14 anos de prisão, e por uma acusação de fraude eleitoral nas eleições de novembro de 2020.