Por Redação – Foto Philip Fong/AFP

Após mais de cinco horas de tensão e tumulto, as autoridades sul-coreanas suspenderam temporariamente, nesta sexta-feira (3), a operação para cumprir o mandado de prisão contra o presidente destituído Yoon Suk Yeol. A ação foi frustrada por uma barreira de soldados e guardas presidenciais, além da presença de uma multidão de apoiadores que dificultou o trabalho das equipes de segurança.

A operação começou por volta das 8h (horário local), quando policiais e promotores chegaram à residência oficial em Seul, onde Yoon permanece desde sua destituição. Manifestantes pró-Yoon bloquearam o acesso, dificultando a progressão da equipe por cerca de uma hora. Ao superar os manifestantes, as autoridades enfrentaram resistência de aproximadamente 200 agentes de segurança presidencial e militares.

Apesar de um embate entre as forças de segurança e as autoridades judiciais, não houve uso de armas. O Escritório de Investigação de Corrupção de Altos Funcionários (CIO) informou que a operação foi suspensa por questões de segurança. “Determinamos que seria inviável executar o mandado devido à resistência contínua e à preocupação com a segurança no local”, afirmou um representante do CIO.

Ordem de prisão e novos planos

O mandado de prisão contra Yoon Suk Yeol, emitido em 31 de dezembro, é válido até segunda-feira (6) e permite detenção por até 48 horas para interrogatórios. A expectativa é de que uma nova tentativa de prisão ocorra no fim de semana, segundo a agência sul-coreana Yonhap. Caso aconteça, Yoon será o primeiro presidente em exercício a ser preso na história da Coreia do Sul.

Acusações e impeachment

Yoon é investigado por insurreição após decretar lei marcial no início de dezembro, restringindo direitos civis. A medida gerou seu impeachment, aprovado pelo Parlamento. Embora afastado do cargo, ele ainda é considerado formalmente presidente até que o Tribunal Constitucional confirme ou anule a decisão parlamentar. O julgamento está previsto para começar em 14 de janeiro.

Reações e resistência

Após a suspensão da operação, a equipe jurídica de Yoon alegou que o mandado de prisão é ilegal e que o CIO não tem autoridade para investigar insurreição. Em declarações recentes, Yoon afirmou que “lutará até o fim para proteger o país”.

Diante da resistência imposta pela segurança presidencial, as autoridades sul-coreanas abriram uma investigação contra o chefe e o vice-chefe do serviço de segurança de Yoon por obstrução da Justiça. Ambos foram convocados a depor no sábado (4).

O CIO também deve solicitar ao presidente interino, Choi Sang-mok, que exija cooperação das forças presidenciais para o cumprimento do mandado. Choi assumiu o cargo há apenas sete dias, após a destituição do presidente interino anterior, Han Duck-soo.