AFP, Reuters, DW – A Suécia ainda não extraditou os suspeitos que a Turquia procura por acusações relacionadas ao terrorismo, afirmou nesta quarta-feira (27/07) o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu.

“Eles devem cumprir suas responsabilidades, ou vamos bloquear seu pedido de adesão à Otan“, noticiou a emissora estatal TRT World. Ele também afirmou que “a propaganda de terror na Suécia e na Finlândia continua”.

A Suécia e a Finlândia solicitaram a adesão à Otan em resposta à invasão russa da Ucrânia, mas foram confrontadas com a oposição da Turquia, sob a alegação de que os dois países nórdicos estariam apoiando o “terrorismo”. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou-os de serem um reduto seguro para militantes curdos.

Os pedidos de adesão à Otan precisam ser aprovados por unanimidade por seus 30 países-membros, dos quais a Turquia é um deles e, portanto, tem poder de veto.

Ancara retirou suas objeções em junho depois que os dois países nórdicos “consideraram de forma expedita os pedidos pendentes da Turquia pela deportação ou extradição de suspeitos de terrorismo”.

Nesta quarta-feira, segundo o jornal governista Daily Sabbah, Cavusolgu afirmou que o acordo está sendo verificado por seu ministério. “Se as obrigações forem cumpridas, será enviado ao presidente, e ele o enviará ao Parlamento. Claro que o Parlamento decidirá, mas ele não pode ser enviado neste momento.”

Exigências da Turquia

Erdogan frisou que a Suécia prometera extraditar 73 “terroristas” procurados pelas autoridades turcas como parte do acordo. Antes, ele ameaçara que, se os Estados nórdicos recuassem, o Parlamento turco poderia não ratificar o pedido de adesão deles à Otan.

Ancara está particularmente preocupada com os membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado grupo terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos. A Turquia também está atrás dos seguidores do clérigo turco exilado Fethullah Gulen.

O ministro da Justiça da Suécia, Morgan Johannsson, já havia dito anteriormente que o país seguiria as leis internacionais e locais na avaliação dos pedidos de extradição, e que não extraditaria cidadãos suecos. O presidente finlandês, Sauli Niinisto, enfatizou que Helsinque também se guiaria pelo Estado de direito ao tratar os pedidos de extradição.

Diversos opositores de Erdogan, incluindo parlamentares, ativistas de direitos humanos e jornalistas, acabaram na prisão por acusações consideradas falsas por muitas organizações de direitos civis.