O acervo do Jornal Folha do Norte, o mais antigo em circulação na Bahia, estará à disposição de pesquisadores a partir de meados do mês de julho. O Museu Casa do Sertão, da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), firmou convênio com a família Silva, herdeira da publicação, e a coleção ficará sob a guarda da universidade, disponível para consulta na Biblioteca Setorial Monsenhor Renato Galvão, que funciona no Museu Casa do Sertão, no campus da Uefs.
O Folha do Norte começou a circular em 1909 e, no próximo dia 17 de setembro, completará 109 anos de fundação. A diretora do Museu Casa do Sertão, Cristiana Barbosa, informa que o acervo doado contempla quase todas as edições da publicação. “Há apenas uma lacuna dos anos de 2015 e 2016 e no ano de 1993, cuja encadernação está sendo providenciada”, explica.
No acervo, ela destaca a importância da “Coluna da vida feirense”, publicada entre os anos 1920 e 1950. Nela, o jornalista e advogado Arnold Ferreira da Silva registrava aspectos da vida do município que, hoje, constituem valiosa fonte de consulta para pesquisadores. “Podemos dizer que essa coluna é um dos conteúdos mais ricos no jornal”, destaca.
Na coluna, um dos destaques foi a publicação de textos sobre todo o processo de julgamento de Lucas da Feira, o escravo fugido acusado de inúmeros crimes no século XIX. De acordo com Cristiana Barbosa, essa publicação serviu de referência para pesquisadores que estudaram a trajetória de uma das mais conhecidas personalidades da História de Feira de Santana.
Intelectuais de destaque em Feira de Santana contribuíram para a publicação ao longo de mais de 100 anos. Além de Arnold Silva, figuram Aloísio Resende, Sales Barbosa, Cristóvão Barreto, Honorato Bonfim, Godofredo Filho, Eurico Alves e Hugo Navarro. O Folha do Norte também contribuiu para a formação de gerações de jornalistas feirenses, incluindo Juarez Bahia, que se destacou posteriormente na imprensa nacional.
Cristiana Barbosa destaca que a parceria com a família proprietária do jornal é antiga e já possibilitou a digitalização do acervo de 1909 até 1978. “Esse conteúdo está disponível para consulta na biblioteca do Museu Casa do Sertão”, explica Cristiana. Com o convênio, será possível digitalizar todo o acervo, já que antes a Uefs não contava com a coleção completa à disposição.
Ascom/UEFS
*FOTOS: Edvan Barbosa