Por Vitor Fernandes

Foto: Will Shutter

Representante e membro do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA) acompanhou a chegada dos militantes durante a Marcha Estadual Lula Livre que percorreu mais de 50 km entre Camaçari e a capital. Assunção usou a tribuna da Câmara nesta segunda-feira (15) para apresentar dados considerados por ele como “alarmantes” divulgados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) na última sexta-feira (12) sobre conflitos no campo. A pesquisa anual da CPT aponta que cerca de 960 mil pessoas estiveram envolvidas em conflitos no campo no ano de 2018.

“É uma um aumento de 35% em relação a 2017. E esses conflitos atingem 4,6% do território nacional. A minha preocupação é como o governo Bolsonaro está acabando com os conselhos, como o governo trata essa questão indígena, quilombola e dos Sem-Terra é uma tendência aumentar ainda mais os conflitos. Esse governo não cuida das pessoas, não tem preocupação com a vida do povo brasileiro – por isso temos que lutar e enfrentar essa gestão, derrotar esse governo nas ruas”, frisa Valmir. A marcha do MST chegou nesta segunda ao CAB, levando uma pauta de reivindicação que vai de infraestrutura para assentamentos até a construção de equipamentos e novas desapropriações.

“Ao mesmo tempo foram na Justiça Federal ao Incra e vão ficar acampado na SDR tudo no intuito de lutar e reivindicar a reforma agrária. A Bahia tem 25 mil famílias acampadas precisando de terra e essa luta é constante. Todo ano nós vamos para Salvador e todo o Brasil se mobiliza para denunciar a concentração de terra, denunciar a necessidade de fazer a reforma agrária. Dessa vez, os Sem-Terra também estão marchando na luta por ‘Lula Livre’, porque sabemos que ele é inocente – não tem crime, não tem prova e precisa estar em liberdade”.

Os dados sobre violência no campo ainda apontam que os conflitos no campo envolvem disputas por terra, por água ou trabalhistas. Em 2018, eles tiveram um aumento de 4% em relação ao ano anterior, saltando de 1.431 para 1.489, conforme a CPT. Ao todo, a área em disputa também bateu recorde com 39,4 milhões de hectares. O aumento da violência não foi homogêneo no país. A região Norte dobrou os embates em relação a 2017. Para os conflitos por terra, os anos da ruptura política que vão de 2015 a 2018, sustentam em um nível alto de estatísticas observadas – com uma média anual de 127 mil famílias envolvidas.