Entre culpas e futricas

em tempo de coronga

Superstições e fanatismos embotam a mente

Vitimam o pensamento, obstruem a criação

Desbotam e desvirtuam a arte.

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 Não é à toa que a credibilidade dos noticiários anda no raso. Um jornalismo de futricas e futurismos. Nos antigamentes, previsão era ofício de astrólogos, cartomantes, jogadores de búzios. Nos impressos, só na sessão de horóscopo.

 Hoje em dia, o chute, a maledicência e os palpites rendem manchetes, são os furos dos ‘noticiários’.  Só importam a quantia das visualizações e as curtidas.

Nenhum respeito pela informação e muito menos pelo leitor/ouvinte.

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Nesse ambiente brasílis, problema posto, ninguém propõe uma solução, nem se discute uma saída. Todos se voltam em busca dos ‘culpados’, apenas, e aqueles que sirvam a nossas convenientes narrativas ideológicas, óbvio.

Patinamos num lamaçal de apontamentos e patrulhamentos. Atolando-nos mais e mais.

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  Estamos numa era plena de maniqueísmos.  Nós x eles, bons x maus. É preto ou branco.

  Os mocinhos do nosso lado, os bandidos no oposto. Qualquer assunto é motivo de uma polarização.  Inconciliável.

 E lá vai bala, tome-lhe bosta. Porque é, tem de ser assim, e fudeu.

 Eu cá, jornalista desencantado, velho professor de História desiludido … quixoteio.

Aos moinhos de vento !

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 Na desesperança de um amanhã sadio

 Sem mais lembranças do querer fugidio …

 Assombram-me o medo, a solidão, o calafrio.

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Pode haver coisa pior nessa vida do que

querer morrer e não conseguir?

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zedejesusbarreto, jornalista por condenação e escrevinhador por  fado

15abril2020