Por Heba Ayyad – Imagem CNN
Mesmo após mais de 20 anos dos ataques, muitas questões são levantadas e a história não teve um ponto final.
O Iraque foi alvo de uma invasão traiçoeira e injusta baseada em mentiras e calúnias, assim como o Afeganistão, que também sofreu uma guerra devastadora. O Islã foi associado ao terrorismo e à busca pela destruição da civilização do mundo livre, enquanto o pensamento unilateral, que rejeita o outro e suas ideias, se disseminou.
Hoje, com a guerra de Putin na Ucrânia e a crescente hostilidade russa em relação ao Ocidente, com o objetivo de enfraquecer a Rússia, o Kremlin afirma possuir evidências substanciais que minarão a narrativa estadunidense sobre os ataques de 11 de setembro de 2001, até suas raízes. Eles planejam divulgar essas evidências em breve.
Os ataques de 11 de setembro, como mencionado anteriormente, foram atribuídos à Al-Qaeda e a seu líder saudita, Osama bin Laden. No entanto, as questões que surgem são: Por que essas provas não foram divulgadas antes de hoje? A Rússia não explorou a narrativa estadunidense em sua guerra contra os chechenos?
A Rússia, assim como o Ocidente, não se beneficiou dessa narrativa ao restringir os muçulmanos russos? Sua intervenção na Síria não visava eliminar o “Estado Islâmico” (ISIS) e os extremistas, e essa intervenção derivou sua legitimidade da guerra contra o terrorismo? O mais importante de tudo, esconder provas no gabinete de inteligência e usá-las como chantagem quando necessário não é um crime contra a verdade e a humanidade?
É importante ressaltar que todos se beneficiaram dos ataques de 11 de setembro de uma forma ou de outra, até mesmo os regimes árabes, ao restringirem seus oponentes com uma receita pronta, que é o terrorismo islâmico, como preferem alguns secularistas manipular a palavra. Os maiores perdedores foram os muçulmanos e sua religião.
De fato, muitas pessoas questionaram a narrativa oficial apresentada pelos Estados Unidos sobre esses ataques desde o início. No entanto, isso não alterou a tirania dos Estados Unidos e de seus meios de comunicação, pois a maioria dos países do mundo se submeteu aos Estados Unidos e acolheu suas palavras de braços abertos. Isso ocorreu porque, de uma forma ou de outra, atendia aos seus interesses. As provas que a Rússia afirma possuir agora, com as quais ameaça os Estados Unidos, não mudam a realidade, uma vez que a mentira já se estabeleceu no imaginário das pessoas, e os ataques atingiram seus objetivos, espalhando devastação e caos pela região e pelo mundo.
Adicionar algumas linhas aos livros de história, como uma narrativa apresentada pela Rússia em um momento de confronto com os Estados Unidos, levanta a questão: por que alguns eventos globais permanecem ambíguos? Qual é o propósito disso? Essa questão não se limita apenas aos ataques de 11 de setembro; há outros eventos históricos que, apesar do tempo decorrido, ainda estão envoltos em mistério e segredo. Desvendar os fatos relacionados a eles é um dever humanitário para evitar a repetição de tais tragédias no futuro.
Esconder a verdade
Voltando um pouco no tempo, descobrimos que vários acontecimentos ainda estão envoltos em mistério, pois não se encontra muita diferença entre o que foi escrito sobre eles e o que foi tratado por pesquisa e estudo. Aqueles que se desviam desta regra mencionam poucos detalhes, enquanto os que vão muito longe estão sujeitos a difamação, cerco e acusações, como aconteceu com Garaudy, por exemplo, quando abordou o Holocausto judeu em seu livro “Os Mitos Fundadores da Política Israelense”.
Entre esses acontecimentos que ainda requerem investigação e discussão, longe da narrativa oficial, que serve aos interessados e não à verdade, estão a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, o Holocausto que afetou os judeus da Europa, Hitler e o apoio dos Estados Unidos a ele, os vírus e as epidemias, o poder da União Soviética, Khomeini e a Revolução Iraniana, a invasão do Kuwait por Saddam Hussein e a Primavera Árabe. Embora esta última seja uma revolução de um povo que anseia por liberdade e dignidade, há quem a distorça deliberadamente, afirmando que se trata de uma conspiração sionista americana, e os Estados Unidos não negam isso, pois na realidade servem às ditaduras e aos inimigos da liberdade.
Esses são alguns dos acontecimentos sobre os quais questões foram levantadas e continuam a ser levantadas. Embora haja quem procure dar explicações que contradizem a narrativa oficial, essas explicações continuam escassas e não resistem por muito tempo à propaganda da máquina oficial.
Talvez a explicação para isso se deva essencialmente ao fato de que aqueles que dirigiram esses acontecimentos e deles se beneficiaram em um período ou outro são parte interessada em esconder a verdade, não por medo de revelações, como alguns pensam, por serem mais fortes, superiores e inteligentes. Mas sim para repetir esses mesmos acontecimentos e investir nas controvérsias levantadas em torno deles, a fim de alcançar seus objetivos e interesses.”
@Heba Ayyad
Jornalista internacional
Escritora Palestina Brasileira